Por Paty Juliani
Quando fiquei grávida da minha primeira filha, ganhei um livro da famosa domadora de bebês, que se autodenomina “encantadora”. Capa rosa. Fofo!
Comecei a leitura e senti um desconforto danado com tudo aquilo. Fiquei incomodada com tantas regras, planilhas e objetividade. Algo em mim despertou e encerrei a leitura. Achei aquilo tudo uma loucura e voltei para meu livro de yoga para gestantes.
Giulia nasceu e eu tive uma dificuldade enorme em amamentar. Ela não pegava direito, dormia no meu peito, tive fissura e ela perdia peso. Na minha luta por amamentá-la, percebi como é difícil encontrar profissionais dispostos a incentivar e a auxiliar a mãe na amamentação. Os pediatras olham números. Se não ganha peso, tem que dar complemento. Essa é a decisão e, para eles, está tudo resolvido.
Para mim não estava. Eu não me conformava. Eu tinha que conseguir. Era uma questão de valores. Eu não aceitava aquilo.
Abri novamente o livro da “encantadora”. Fiz planilhas. Olhava sem parar para o relógio. Ouvia todos os conselhos e… tudo piorou. Entrei numa montanha russa de emoções. Me perdi. Mas sabia que estava errada. Algo dentro de mim dizia isso.
Respirei e recomecei. Busquei a ajuda de uma enfermeira e de minha obstetra – não sei se o fato de serem mulheres ajudou, mas elas me socorreram.
Minha obstetra me receitou remédio, chá, pomada, banho de luz, sol, muito líquido e fez o mais importante: disse que eu conseguiria. Que era difícil mas possível reverter aquela situação.
A enfermeira ajudou minha pequena com a pega. E ela, guerreira, aprendeu direitinho.
Aos poucos as coisas foram se encaixando.
As fissuras desapareceram. A dor se foi. Me acalmei e revertemos a situação.
Consegui amamentá-la por um ano, com muito orgulho e dedicação.
Mas percebi como estamos sozinhas e como lutamos contra a maré.
Repensei, pensei e seguimos em frente. Prometi que, daquele momento em diante, meu coração sempre falaria mais alto.
Antes da minha segunda filha nascer, caiu em minhas mãos o livro da Laura Gutman (“A maternidade e o encontro com a própria sombra”). Fiquei fascinada. Tudo estava ali e descrevia perfeitamente o que eu tinha passado com minha primeira filha.
Confirmei o que no fundo já sabia.
Não precisamos de manuais, conselhos, nem relógios. Não precisamos doutrinar nem domesticar nossos bebês para que aprendam a mamar, dormir e brincar.
Precisamos ouvir nossos instintos. Confiar na nossa intuição.
Precisamos nos conectar (ou melhor, reconectar) com nossa natureza. Ouvir e entender os sinais de nossos bebês. Ter tranquilidade, apoio e disponibilidade para essa maravilhosa entrega.
Assim, minha segunda filha nasceu.
Esqueci os conselhos, deixei de lado os manuais, guardei o relógio e me entreguei.
Sem regras, nem limites.
Minha filha mamava quando queria, o tempo que queria.
Livre demanda total.
Até o seu primeiro aniversário, eu acordava pelo menos umas três vezes na madrugada para amamentá-la.
Ganhou peso logo na primeira semana e foi amamentada, exclusivamente, até os 6 meses completos.
Foi cansativo? Muito. Foi fácil? Nem um pouco. Escutei muita coisa. Filtrei quase tudo. Mas, o mais importante: fiz o que acreditava e o que desejava.
Foi libertador.
Consegui me ouvir. Me conectar.
Valeu cada segundo de noites mal dormidas e dias intermináveis.
O elo se estabeleceu.
A alegria superou e sempre irá superar o cansaço.
Por isso, eu, você e tantas outras conseguimos e conseguiremos.
Temos a quantidade de leite suficiente para nossos bebês, mesmo achando que não. E, produzimos mais quando oferecemos mais, por isso as regras acabam com a amamentação exclusiva.
É preciso disponibilidade. Coragem. Vontade.
Uma imensa vontade.
Sei que esse assunto é polêmico e cada mulher tem sua própria história. Muitas não encontram dificuldade – acredito que já estão mais conectadas com sua natureza, mais seguras e isso flui com mais naturalidade. Outras, não se preocupam com isso – cada uma tem sua história. Mas, muitas mães querem, sofrem e acabam desistindo – por falta de estímulo, conhecimento ou insegurança.
Essa minha história é pra você que, como eu, quer ter o domínio e o poder de fazer aquilo que acredita.
Foi libertador…. que lindo amiga.. !!!!
Quanta verdade!!!
Òtimo!!Como sempre, Patrícia!Parabéns! Continue escrevendo, pode ajudar outras mães!!
Beijos, tia Sonia
Obrigada tia. Bjs!!!
Vc está certíssima! Penso exatamente assim e por isso meus 2 filhos mamam muitooooo!
Que bom que também deu certo pra você. Bjs!!!
Paty sabia que depois da nossa conversa de sábado iria sair algo maravilhoso e que iria ajudar muita gente que está passando por essa situação…Como você e suas indicações me ajudaram muitoooo eu também venci…..Parabéns e continue nesse lindo trabalho e missão que está tendo de ajudar a tantas mamães em situações como essa..Bjus
Flávia querida, muito obrigada. Estamos todas no mesmo barco…bjs!!!!
Gata, só eu sei o que vc passou..
E hoje me orgulho muito de voce, voce é guerreira, e se transformou em uma puta mae….
Que eu admiro muito, alem de uma esposa, e companheira maravilhosa..
TE AMO….
Bj
Querida, meus únicos comentários só podem ser em relação ao texto… rs
Muito bem escrito; leve, transparente e verdadeiro; assim como deve ser a relação maternal.
Continue ajudando as mamães com essa sabedoria vivenciada dia a dia. Parabéns!! Bjs.
Obrigada querida. Bjs!!!!
Querida, tenho muito orgulho de você. Continue assim, lutando e acreditando em seus sonhos. Escute sempre o seu coração. Tenho admiração pela família linda que você e o Luciano estão construindo. Bjs
LINDÍSSIMO seu texto Paty! Vou encaminhá-lo para uma amiga, mamãe nova…e desbravadora dos sentimentos. Bjos