Sobre a derrota, para minha filha

Por Rita Durigan

Filha, nós perdemos a Copa do Mundo. Sua primeira. Perdemos feio e em casa. Pq o Brasil sempre será a nossa casa.
Sabe filha, o Brasil já dominou a arte do futebol. E se quiser pode recuperar o brilho. Mas vai precisar se esforçar muito. Ter vontade pra chegar outra vez onde já esteve. E essa é a melhor parte da derrota. Sim, pq perder faz parte da vida. E as vezes faz bem. Dói, muito, mas faz bem. Ajuda a parar pra pensar. A crescer.
Sabe filha, nós, brasileiros, temos um jeitinho próprio, o famoso jeitinho brasileiro. É nosso. Faz parte do nosso DNA e, como tudo na vida, pode ser usado para o bem, ou não.
E é bom que se saiba: nem sempre o jeitinho brasileiro dá jeito. Esse mais desleixado, de crença no improviso… As vezes ele nos deixa na mão.
A melhor maneira de vencer, filha, é se dedicar. Quanto maior a dedicação, maior a chance de ganhar. E ainda assim temos que estar certos de que o adversário não se preparou mais do que nós. Seja no futebol, ou na vida. Principalmente na vida.
Você, filha, com certeza ainda vai ouvir falar muito desse Campeonato que nos deixou tristes por vermos um time sem brilho em campo. Não estávamos acostumados com isso. Mas, no fundo, era o que merecíamos.
Sabe filha, você vai ouvir muitos nomes escalados como culpados. Mas quando se trabalha em time, não há um só culpado. O erro é dividido e compartilhado, assim como o acerto (ou deveria ser).
Filha, na verdade, nem só de futebol vive o brasileiro. E essa não é nossa única derrota. Somos goleados todos os dias na educação e saúde. Na falta de alimentos. De condições básicas de sobrevivência. E isso é muito mais triste, mas já nos acostumamos. Que triste.
Filha, assumo aqui minha culpa. Estamos deixando um país desorganizado pra sua geração. Muito mais desorientado do que ficamos após aquele 7×1 e os 3×0 de hoje. Não entramos em campo com garra. Achávamos que no improviso dava pra ganhar um jogo, depois outro e, no final, a Copa do Mundo. Mas não, filha. É preciso suar a camisa, mesmo quando se tem Fé. E eu estou falando da vida.
Valentina, minha filha, outras derrotas virão. Quisera eu poder poupá-la de todas elas, mas não posso. Então, qdo acontecer, pare, pense, aprenda, respire fundo e siga em frente com esse seu sorriso no rosto pq ele sim tem poder de mudar o mundo. Mudou o meu. Deixou o gosto amargo dessa derrota mais docinho. Como tem sido todos os dias ao seu lado.
Obrigada por me ensinar que a vida é muito mais do que um jogo de futebol, ou uma Copa do Mundo.
Muito obrigada.

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