Por Paty Juliani
“Mamãe, eu dormi a noite inteira no meu quarto?”
“Sim, meu amor. Dormiu.”
“Por que?”
“Porque você está crescendo. Já sabe que mamãe e papai estarão sempre no quarto ao lado. Cada vez mais você vai querer ficar no seu quarto, na sua cama, com as suas coisas.”
“Eu adoro meu quarto de princesa.”
“Seu quarto é lindo e especial.”
“Mas…agora todas as noites eu tenho que ficar lá? A noite toda?”
“Claro que não. Você vai ficar quando e se você quiser.”
Quando fiquei grávida da Giulia, comprei berço, trocador, poltrona e montei um quartinho lindo e fofo. Cumpri todos os protocolos e, o máximo que ousei foi nas cores – parede amarela, poltrona laranja, pink e vermelha e um duende voando no lustre, kkkk.
Depois do nascimento e de passar algumas noites andando de um lado para outro como um zumbi, desisti do berço lindo, do quarto fofo e…instalei um moisés (que logo foi substituído por um berço portátil) colado em minha cama.
Foi uma libertação. Passava as noites acordada, amamentando, mas sem ficar andando de um lado para outro.
Quando Giulia já estava “escalando” (literalmente) o berço, uma mini cama entrou no seu quarto.
Depois de todo o ritual noturno – mamadeira, escovar os dentes, historinha e rezar – Giulia adormecia em sua pequena cama. Mas, no meio da noite, ela vinha quietinha e se instalava entre nós.
E a gente adorava.
De verdade!
Esse trajeto sempre foi território livre, conhecido e facilitado.
Engravidei novamente.
E, dessa vez, desisti do protocolo. Facilitei minha vida e já providenciei o moisés colado à cama.
Tentamos de todas as maneiras fazer com que a rotina fosse mantida mas, havia mais alguém no nosso quarto e Giulia sabia disso.
Éramos quatro.
Giulia queria ficar conosco e nem se importava com o choro da pequena. Dormia, mesmo com o pequeno barulho de minhas acordadas noturnas para amamentar.
Estávamos juntos.
Nossa cama aumentou, assim como nossa família.
Quando a pequena resolveu “escalar” seu pequeno berço (com a ajuda da mais velha, claro), nos mudamos.
Agora eram duas meninas e montei um quarto para elas com camas (e grades de proteção), penteadeira, lustre e luminária de flores (tá…o tapete era rosa, rs).
Um quarto de princesas.
Elas adoram!
Todas as noites fazemos o ritual e elas adormecem no quarto de princesas.
Uma cama sobra pois querem dormir juntas, na mesma cama.
Lindo de ver.
A pequena ainda me chama (tem um ano e nove meses) e eu ainda tenho que trocar sua fralda noturna. A mais velha acorda pra fazer xixi. Depois dessas acordadas, todas vamos para o meu quarto.
E assim tem sido.
Dormimos eu e meu marido.
Acordamos eu, meu marido, nossas duas filhas e seus respectivos naninhas.
Até aquela noite.
A noite em que Giulia acordou, fez xixi e voltou a dormir em sua cama.
A noite toda.
Na madrugada seguinte (àquela descrita), Giulia me acorda e diz:
“Mamãe, fiquei com saudade de vocês.”
“Oi meu amor. Deita aqui. Nós também ficamos com muita saudade de você.”
E adormecemos. Os quatro. Na nossa cama.
E assim seguimos.
A maioria das noites ela vai para o nosso quarto mas, em algumas delas, quer ficar na sua própria cama.
Sem medos, sustos ou exigências.
Sem responsabilidades e cobranças.
Sem regras desnecessárias.
Vivendo o tempo delas.
Respeitando o tempo delas.
Deixando elas se sentirem seguras e com autonomia.
Confiando na nossa presença, amor e proteção.
Estamos certos? Não sei.
O que é estar certo? É fazer o que acredita com amor e respeito?
Então, acho que sim!
Confesso que me surpreendo quando percebo a mudança, o crescimento.
Mas ele vem. Querendo ou não. Exigindo ou não.
E ela só tem 4 anos…
Que bom que está sendo leve.
Que bom que está sendo natural.
Que assim seja!
Paty! Admirável sua forma de escrever. Você consegue passar toda a emoção que nós mães sentimos, em tudo o que escreve. Às vezes, você nem parece uma advogada, mas sim, uma psicóloga. Parabéns pela sensibilidade e sabedoria. Que Deus te conserve sempre assim…Grande beijo…Saudades!!!