ANIVERSÁRIO INFANTIL

15.02.2016

ANIVERSÁRIO INFANTIL

por Paty Juliani

O que significa celebrar um aniversário? O que realmente fica registrado dessa celebração? Que lembrança você guarda das comemorações de seus aniversários quando criança?
A simplicidade, os gestos de amor e carinho, a preparação.
As respostas eram lindas e singelas. Vindas de todos os cantos daquela sala: “meu avô indo embora e eu querendo ir com ele, porque sem ele não fazia sentido”; “o bolo que minha mãe preparava com tanto cuidado”; “o bom dia especial que recebia de minha mãe, ainda na cama”; “as gelatinas coloridas que minha mãe preparou, colocando uma vela em cada uma delas para meus amigos assoprarem comigo na hora do bolo”, etc, etc, etc. Sessenta adultos lembrando, relembrando, falando e ouvindo. E o encerramento daquela linda manhã aconteceu com uma roda rítmica, simulando a celebração do sexto aniversário de uma criança dentro de uma escola Waldorf. Tamanho amor e respeito ecoaram em mim por dias e dias.
Pensando em tamanha beleza, em minhas próprias crenças e no excesso de todo tipo de consumo que vivemos, senti vontade de conversar com a Luciana.
Luciana Lopes Gonçales, 41 anos, mãe da Duda – 9 anos – e do Fê – 7 anos -,
assim se descreve: “Sou uma grande vontade de plantar semente boa em coração pequeno. Através da celebração das festas de aniversário almejo que estes pequeninos seres de luz absorvam e cristalizem valores e virtudes que os acompanharão vida afora”.
Seu trabalho cruzou meu caminho por acaso.
Eu morava em São Paulo e estava brincando com minha filha no parquinho quando vi uma movimentação no salão de festas. Cheguei perto e pude ver o encanto de uma mesa muito delicada, preparada para o aniversário de um ano de uma linda garotinha. Conversando com a mãe, que estava atenta a tudo e tinha preparado toda a comida, fiquei sabendo que aquela mesa era da Luciana. “Uma mãe também, que faz coisas lindas… ateliê Felizidade”.
Um nome assim tão belo, não dá pra esquecer.
O tempo passou e minha segunda filha nasceu. No seu primeiro aniversário decidi que iríamos comemorar com “os saltimbancos”, ou “os músicos de Bremen”. Imediatamente me lembrei da Luciana. Trocamos um email incrível onde ela elogiava a escolha do tema e me contava da viajem para a Alemanha, onde ela e sua família fizeram a Rota dos Contos de Fadas dos irmãos Grimm.
Desde então acompanho seu trabalho.
De lá pra cá, o Ateliê Felizidade tomou forma. A “Casinha dos Sonhos” – como ela mesma denomina -, localizada na Vila Leopoldina, em São Paulo, recebe festas intimistas e é alugada para treinamentos e cursos. Além dos kits de decoração, que são vendidos no Instagram @felizidade (veja também em https://www.facebook.com/atelie.felizidade e http://ateliefelizidade.blogspot.com.br)
E agora com vocês, nossa deliciosa conversa.

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Paty Juliani: Me conte um pouco sobre você, seu trabalho e o Ateliê Felizidade.
Luciana: Fiz faculdade de Biologia e nela me encantei pela genética humana. Foram anos entre mestrado, doutorado e Pós-Doc. Mas a vida acadêmica não me brilhava os olhos, então, depois que minha filha nasceu, fui trabalhar na Natura, na área de Pesquisas em Bem-Estar.
Foi um grande presente, ainda mais quando fiquei responsável pelo estudo da Psicologia Positiva e da Ciência da Felicidade.
Mais alguns anos de vida corporativa e veio meu segundo pacotinho. Já não conseguia mais me dividir entre trabalho e esse amor incondicional. A maternidade gritou alto e eu fui viver dias deliciosos ao lado deles.
Depois de um tempinho, a vontade de aplicar tudo que já tinha aprendido veio forte e então nasceu o Ateliê Felizidade.
De início era para ser uma marca de roupa infantil, mas uma grande amiga me pediu ajuda para decorar a festa das filhas e eu me entreguei. Ali percebi a riqueza deste momento, a oportunidade de aplicar muito do que eu tinha aprendido sobre a felicidade.
Os olhinhos brilhantes encantados com as cores e as texturas, o sentimento de pertencimento, a auto-estima fortalecida em cada tarefa realizada, a percepção do amor envolvido, a observação do simples, o valor das amizades… tudo isso me convenceu de que o ateliê isso seria. Então comecei a fazer essas festas simples e cheias de sentido.
Não sei dizer quantas foram as mesas elaboradas, desenhadas e montadas junto com as crianças, mas foram muitas e me encheram de uma alegria difícil de contar aqui.

PJ: O que significa, pra você, celebrar o nascimento de uma criança? O que você prioriza quando desenvolve um tema?
Luciana: Celebrar mais um ano de vida é um momento muito especial e eu acredito que deva ser vivido com muito respeito e amor. É preciso que nos conectemos com o verdadeiro sentido desta data. É importante voltar o olhar para dentro, para sua criança, olhar nos olhos, observar as brincadeiras, as cores que mais gosta, os sabores que mais agradam. É importante fugir do comum, da massa. Não porque você se acha a ‘diferentona’, a melhor, mas porque você tem um filho(a) que é único. E ninguém no mundo é igual a ele ou ela. Portanto, acho indispensável olhar para dentro de si e para dentro de casa… e encontrar as pistas do que vai realmente ter sentido para a família toda.
A partir daí tudo começa… aqui em casa já tivemos festa de arco-íris, de príncipes e princesas, de dinossauros, indiana, espaço, fundo do mar… tudo depende do momento em que a criança está vivendo, dos sonhos que ela anda sonhando, das belezas e encantos que anda vendo, da natureza que ela anda experimentando…

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PJ: Entre a beleza do mundo ideal e a loucura do mundo real, temos que encontrar uma saída. Vamos falar um pouco sobre maternidade?
Luciana: Difícil quem não se encante com a maternidade. Uma vida que vai nascendo ali, no nosso ventre, pouco a pouco. Difícil não se emocionar com as primeiras mexidinhas na barriga. Difícil não cair aos prantos quando vemos, pela primeira vez, o rostinho de quem morou tantos meses dentro da gente.
Agora, minha amiga, difícil mesmo é saber o que fazer depois que a turminha nasce e vai crescendo.
Como dizia o poeta Renato Russo, “O mundo anda tão complicado”. E é nesse mundo que vamos criar os nossos filhos, nessa sociedade que valoriza o ter e esquece do ser.
Nesse espaço onde os valores da simplicidade, cooperação, gratidão, altruísmo, entre tantos outros, soam até mesmo estranhos.
Se preocupar com o outro, tentar ajudar virou até “invasivo” nesse modo tão individualista de ser. E como fazer para que nossos pequenos não cresçam e se tornem pessoas rasas e superficiais? Eu acredito muito que filho é um grande presente que recebemos e uma bela oportunidade para nos tornarmos pessoas melhores. Aprendi, nesses 10 anos de mãe, que o ‘pulo do gato’ é ser aquilo que você quer ensinar aos seus filhos.
Educar é, antes de mais nada, auto-educação.
E quando estamos inteiros, seguros, vivendo os valores que acreditamos, ai aquilo que era tão difícil fica um pouco mais fácil (um pouco, porque educar é difícil pacas!).
Um momento que sempre achei rico demais é o aniversário. O festejar na sua mais pura essência.

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PJ: Que dica você pode dar para as mamães fazerem uma celebração linda, sem excessos, com muita entrega e amor?
Luciana: Se você está pensando em fazer uma festa bacana, que fique gravada no coração dos pequenos, a minha é dica é: observe, brinque junto, sonhe, desenhe, cante, descubra… afinal, você tem um ano inteiro para tudo isso! E quando perceber o brilho nos pequeninos olhos, mãos a obra!

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