Bonecas com a missão de empoderar meninas

por Rita Durigan

Escrevi o texto que você vai ler abaixo para a minha coluna “Inteligemcia nos EUA” de 30/8, publicada quinzenalmente no Inteligemcia.com.br (com M, de Inteligência de Mercado). Lá escrevo sobre comunicação e marketing aqui nos Estados Unidos, onde moro. Mas esse artigo em especial nasceu de uma observação de mãe, diante de dois presentes que minha filha ganhou, mais do apenas da jornalista. Por isso resolvi compartilhar aqui no Criar com asas.

O título lá é: Fazer marketing através de brinquedos pode ser positivo

Nos últimos três meses fui impactada por duas bonecas norte-americanas que trazem como princípio o empoderamento feminino a partir das brincadeiras infantis. É fato que surfar essa onda é uma ótima estratégia de marketing e ajuda a vender e a lucrar. Mas vale olhar para exemplos que continuam fazendo a economia girar, e ainda contribuem para quebrar paradigmas, podendo tornar o mundo melhor. 

1 GoldieBlox_COLUNA16_30Ago2016

A primeira é da coleção GoldieBlox, bonecas que realizam atividades diferentes das que estamos acostumados a ver nas prateleiras, como descer por uma tirolesa. Mais que isso, a tirolesa, que pode ser afixada nos vidros das janelas da casa, precisa ser montada, pecinha por pecinha, antes de começar a brincadeira (veja aqui). 

Essa ideia nasceu quando a engenheira Debbie Sterling se deu conta da ausência de mulheres na sua profissão. Nos EUA, apenas 11% dos profissionais de engenharia são do sexo feminino, segundo ela revela neste TED. Debbie conta ainda sobre como ela mesma reagiu quando incentivada por seu professor de matemática a cursar engenharia, e como as pessoas reagiram ─ e ainda reagem ─ diante de sua decisão. 

Em pouco tempo ela tornou-se obcecada pela ideia que chama de ‘disrupting the pink aisle’ ─ algo como ‘indo além do corredor rosa”. Basta andar pelo setor de meninas de uma loja de brinquedos para entender do que ela está falando.

A engenheira, com suas engenhocas coloridas e brincantes, tornou-se uma das porta-vozes do movimento para encorajar meninas e mulheres a optarem por engenharia e tecnologia como carreira. Ela já foi eleita pela Time’s Person of the Moment and Business Insiders entre as 30 mulheres que estão mudando o mundo. A empresa, uma das mais inovadoras pela Fast Company. A coleção, como Brinquedo Educacional pela Toy Industry Association dos Estados Unidos, entre outros prêmios. 

2 Lottie School Days_COLUNA16_30Ago2016

Neste final de semana fui apresentada para a Lottie, boneca de uma coleção que valoriza o que cada menina é na vida real, com corpo inspirado no de uma criança, sem maquiagem ─ nem batom ─ ou salto alto. O chamariz perfeito para encantar meninas de 3+ (anos) é que vem com roupinhas e sapatos para serem trocados. Além da versão School Days, minha filha ganhou a roupa de Superhero para a boneca, desenhada pela Lily, garotinha de 6 anos, do estado de Ohio, que venceu um concurso. Frases como “ela tem o poder de fazer qualquer coisa por um mundo melhor” fazem parte do universo lúdico de Lottie, que tem apoio de institutos como o Girlsleadership.org. Fatores que a tornam mais interessante ─ pelo menos para alguns de nós, pais ─ do que as bonecas que só tem roupinhas pra trocar, e pronto. 

A Lottie estudante vem com cartelinhas de 10 dicas para meninas sobre liderança. Para encerrar, vou ressaltar apenas duas e logo mais explico o motivo. A primeira: “durante a aula, levante a mão mesmo que você não esteja certa da resposta”; e a última: “pratique apresentações em público, assuma riscos, diga o que você pensa e precisa dizer. Isso pode parecer muito difícil no começo, mas vai ficando fácil com a prática.” 

Coincidentemente ─ ou não ─ na noite anterior à que li estas dicas que nada mais são do que acessórios de uma boneca, eu estava em um bar com amigos brasileiros que trabalham em agências e em clientes globais aqui nos Estados Unidos. Um dos assuntos foi como quem nasce nos EUA é treinado desde a infância para falar em público, expor as ideias e se sair bem, mesmo que tecnicamente, numa apresentação. Enquanto no Brasil somos mais da linha: tem gente que é melhor pra falar, outros não, e tudo bem. Eu ainda acho que sim, as pessoas tem talentos diferentes. Mas concordo que alguns poderiam ser treinados para facilitar a vida da gente, independentemente da carreira que quisermos seguir. E isso pode facilmente começar a ser estimulado por um brinquedo.

E você, o que pensa disso?

3 Lottie Super Hero_COLUNA16_30Ago2016

Lily, a garota de 6 anos, do estado de Ohio, nos Estados Unidos, que criou a roupa da Lottie heroina, vestida como a boneca.

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