por Nós Três
Todo mundo compartilha e adora mencionar a Finlândia como modelo de educação; nós também adoramos.
Mas adoramos também reconhecer a luta e o empoderamento dos secundaristas das escolas estaduais que cheios de vontade e potência reivindicavam uma simples conversa com o estado.
É verdade, lá na Finlândia eles alcançaram o primeiro lugar no ranking mundial. E vocês sabem porque lá realmente funciona?
E vocês sabem porque as ocupações funcionaram? Como eles ganharam voz?
Tanto lá, na Finlândia, como aqui, nas ocupações, a luta é pró liberdade. Existe respeito, pausas, espaços e respiros. Há contato com a natureza de cada um, mais tempo para o convívio com a família, assim como seu envolvimento no ambiente escolar. As crianças são protagonistas de suas próprias histórias, há criticidade, arte, poesia e brincadeiras. Todos entendem e interiorizam a ideia do todo, que fazem parte de um coletivo e que não conseguem nada sozinhos. As crianças seguem nas suas descobertas num espírito de colaboração e não de competição, num pensamento onde um ganha quando todos também conseguem compartilhar dessa vitória.
Infelizmente, caminhamos cada vez mais no sentido contrário. Reproduzimos e insistimos em sistemas falidos, de regras e imposições, massacrando nossas crianças e jovens, realizando testes e avaliações padronizadas, estimulando a competição onde o ato de vencer perde espaço para as vaias àqueles que se vêm perdedores naquele instante. Estamos terceirizando nossas crianças para escolas que são um verdadeiro negócio que só visa lucro. E sabemos (sabemos sim), que somos responsáveis pela criação de gerações cada vez mais distantes de suas reais naturezas.
“Quero que eles sejam felizes”, diz o professor de matemática na Finlândia.
“Você é mesmo professor de matemática?”
“Sou sim”
“A precarização da educação brasileira não é novidade, está enraizada.” Victor Avelino, 17 anos, participante do movimento de ocupação nas escolas de 2015.
“A partir da ocupação a gente entendeu que é possível se organizar, a gente divide todas as tarefas.” Daiane Santana, 16 anos, participante do movimento de ocupação nas escolas de 2015.
“O estado subestimou a capacidade de organização dos alunos.” Denise Maria Lizei, diretora de uma escola ocupada.
Esse post foi escrito a três mãos. Tivemos como inspirações três vídeos que merecem ser vistos. Precisamos pensar, pensar e repensar sobre as escolhas que estamos fazendo.
Vale ressaltar que o sistema atinge todas as camadas da sociedade, uns com mais agressividade, outros com mais maquiagem, mas o massacre vem acontecendo de todas as maneiras. Nós precisamos cada vez mais de referências como o modelo da Finlândia e a atitude desses jovens da ocupação pois precisamos e queremos autonomia e liberdade.
Segue os links dos vídeos
Escolas Ocupadas – A verdadeira reorganização (documentário)
Where to invade next – documentário de Michael Moore (legendas em português)
Ele processou o sistema de ensino