por Rita Durigan
Bia Reis é jornalista, editora do Estante de Letrinhas, do Estadão, e editora-assistente do Metrópole. É mãe do Tomás, de 12 anos, e do Bernardo, de 9. Entre uma coisa e outra, Bia ainda arruma tempo pra se divertir com o marido, também jornalista, familiares e amigos. E, pra nossa sorte, atende pedidos como o dessa entrevista.
– O jornalismo exige quase tantas horas extras quanto a maternidade. Como você concilia as duas coisas – isso sem considerar todas as outras?
Este é sem dúvida um dos nossos grandes desafios nos dias de hoje. Eu tive a felicidade de ter um esquema de trabalho um pouco mais flexível nos primeiros anos de vida dos meninos, especialmente do Tom. Foi um período em que eles precisavam muito de mim por perto, e eu pude acompanhá-los. Conforme eles foram crescendo, eu também fui me sentindo mais segura para retomar uma carga horária mais puxada no trabalho e também voltar a estudar. Hoje tenho às noites para os meninos – eles ficam de manhã com o meu marido e à tarde vão para a escola. Então aproveito nossas noites e os fins de semana. Claro que muitas vezes eles preferem jogar bola à noite a ficar comigo (risos), mas vejo isso como parte do crescimento deles. Eu e meu marido nos ajudamos e dividimos as tarefas de casa e o leva e traz diário da escola e das atividades extras, e isso também faz toda diferença.
– O que você diria de mais sincero para mães que querem ser bem-sucedidas como você, felizes no trabalho e em casa?
Eu diria para as mães lidarem com a realidade sem ficar comparando com outras mulheres e outras famílias. Sei que é difícil, mas acho que é a melhor maneira de não sofrer. Tento não idealizar a vida e olhar as coisas de um jeito otimista. Eu adoraria tomar café e almoçar com os meninos diariamente, mas isso só é possível no fim de semana – e tudo bem. Penso que à noite estamos juntos. Tenho semana e às vezes meses muito puxados, e quando estou neste período sou muito sincera com eles. Explico que estarei menos em casa, ou que precisarei trabalhar em casa mesmo, mas que essa fase vai passar.
– Seus filhos pegaram gosto pela leitura vendo ou ouvindo os pais?
Os meninos alteram fases de maior e menor proximidade com a leitura. Quando pequenos, lia muito para eles e eles gostavam também de ler sozinhos. Quando o Tom ficou adolescente, o interesse diminuiu. Entraram outras coisas na vida dele. Tento sugerir, então, livros que tenham a ver com as diferentes fases deles. O Tom, por exemplo, adora música e toca baixo e está lendo biografias de músicos. O Bernardo está curtindo a Turma da Mônica e a série Diário de um banana, que não é exatamente o que acho o mais legal. Mas respeito a escolha dele e continuo mostrando os livros que acho incríveis. Eles continuam gostando de leitura compartilhada. À noite, quando estamos tranquilos, deitamos na minha cama e lemos juntos. Estamos agora com O Saci, do Monteiro Lobato.
– Como você vê a relação das crianças com tablets e smartphones hoje e como você acredita que isso impacta na relação delas com os livros?
Acho que precisamos ficar atentos para que eles (e a gente também!) não fiquem grudados o dia inteiro nas traquitanas tecnológicas. Meus filhos gostam de tablets e usam com frequência, mas não deixam de jogar bola, de brincar com os amigos, de fazer outras atividades. A tecnologia faz parte do nosso mundo e precisamos aprender a lidar de uma forma sadia com ela – e isso não vale só para as crianças, né?
– Se você tivesse que escolher uma frase para resumir a vida para seus filhos hoje, qual seria?
Aproveitem, meninos, porque a vida é muito boa!
– Que livro você indicaria hoje para crianças que estão começando a ler?
Puxa, é tão difícil indicar um só! Vou sugerir alguns que adoro: Eu Grande, Você Pequenininho, de Lilli L’Arronge, da Companhia das Letrinhas, e o E Agora, Papagaio?, do Gilles Eduar, da Editora Jujuba. As histórias são gostosas, as frases, curtas e as ilustrações, incríveis.
– E para as mães e pais que acompanham o Criar com Asas?
Vou indicar dois livros que eu amo: Lá e Aqui, do Odilon Moraes (Editora Pequena Zahar) , e Inês, do Roger Melo e da Mariana Massarani (Companhia das Letrinhas). Eles são autores de livros ilustrados – obras em que texto e imagem se relacionam intimamente e são, juntos, fundamentais para a compreensão da história. Literatura boa comove adultos e crianças. Boa leitura!