por Paty Juliani
Filha, espero que um dia você me desculpe por escrever algo tão pessoal e que, até ontem, era um segredo absoluto.
Mas você se lembra da frase do filme “O Pequeno Príncipe”? – “O problema não é crescer, o problema é esquecer.”
Quando saímos do cinema, você me olhou e disse – você não esqueceu, não é?
Agora eu é que vou te contar um segredo: a mamãe correu o sério risco de esquecer. Muitas vezes. Porque sou adulta e o mundo dos adultos é cego e sem sentido.
Já tentaram fazer eu acreditar na frieza e dureza da vida. Na versão de uma vida invertida.
Mas vocês, a menina que em mim habita e a poesia das pequenezas do mundo, não me deixam nunca esquecer.
Então, um dia, quando você for adulta, num mundo de adultos, talvez seja importante você ler o que agora escrevo.
Pra você lembrar. Ou melhor, pra nunca esquecer.
E se, por sabedoria e felicidade você nunca precisar de nada, que essa história vire uma grande saudade. Um sopro de amor ao vento.
Assim, pedindo sua licença e desde já seu perdão, deixo aqui registrado os três pedidos que você fez quando amarramos a fitinha do Nosso Senhor do Bonfim da Bahia (e que somente me foi revelado agora, quando ela caiu): uma pulseira para transformá-la no que quiser; asas para voar e nuvens para pular.
Só quem sempre soube e nunca esqueceu, entenderá a enormidade de tamanha beleza.
Gratidão, minha borboletinha azul. Gratidão!