Três crianças que transformaram minha vida

por Rita Durigan

Três crianças mudaram minha vida. Para sempre.

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-A primeira foi meu irmão. Como eu queria que ele chegasse. Na época não sabia que meus pais também queriam. E pedia, pedia… Até que ele chegou. Ainda me lembro do dia em que minha mãe me contou que eu ia ganhar um(a) irmãozinho(a). Parecia um sonho. E desde então, muita coisa mudou.

Eu tinha 5 anos e meio quando ele nasceu. Também me lembro de quando o vi pela primeira vez, na casa da minha avó paterna. Um pedacinho de gente. Tão pequenino e frágil e já ocupando um lugar tão grande em nossas vidas, em meu coração. Os primeiros anos foram de grande dedicação àquele coraçãozinho que precisou de uma grande cirurgia, aos 2 anos e meio, para sobreviver. Foi uma fase muito difícil, mas fomos “abraçados” em atitudes e orações por tanta gente, vi meus pais se unindo e se desdobrando de uma forma tão intensa, que aprendi muito sobre o amor, a fé, a solidariedade e a gratidão.

Depois, fomos crescendo juntos e nos tornamos grandes amigos. Ainda hoje, mesmo fisicamente distantes, me sinto ligada à ele como nos velhos tempos de nossa infância. Gostaria de estar mais próxima, claro. Mas a vida é assim e somos felizes e gratos pelo tempo que temos.

-A segunda criança que mudou pra sempre minha vida foi minha filha. De novo, como pedi que ela viesse. E ela chegou. Ainda me lembro do dia que desconfiei, depois, do exame que confirmou e todos os outros que vieram. Parecia um sonho. E desde então, tudo mudou.

Eu tinha 35 anos quando ela nasceu. Óbvio, me lembro de cada detalhe, de cada ultrassom, cada movimento, de quando a bolsa estourou, de cada sensação desde então e do momento exato em que ela nasceu, ali, pelo espelho da luz da sala de parto. Do nosso primeiro toque, do cheiro, do choro, dos olhinhos abertos, da primeira mamada, ali mesmo, na sala onde ela veio ao mundo. Tão pequena e já tão grande em nossas vidas. Me lembro que parece que foi ontem e que parece que foi desde sempre. Me lembro do último sorriso que ela acabou de me dar agora e de todos que existiram entre aquela madrugada de maio e esse instante que vivo. Com ela entendi todos aqueles clichês do “coração que bate fora do peito”, do “amor infinito”, do “viver pelo outro”, do “tudo o que importa”. Conheci também um cansaço que nunca senti, assim como a maior satisfação da vida. O que faz tudo valer a pena.

-E a terceira criança que mudou tudo é a minha sobrinha. Também foi muito pedida nas minhas orações. Que viesse sem pressa, na hora que tivesse que vir. E ela chegou. De presente: no dia do meu aniversário. Antecipou a data prevista e pediu passagem pra gente poder celebrar juntas o dia de nossa chegada ao mundo. Ainda me lembro do dia que soube que seria titia, até escrevi aqui. Foi quando passei a falar da tiaternidade. E desde então, tudo mudou mais uma vez.

Eu fiz 37 no dia em que ela nasceu. E estava lá. Eu fui para o Brasil à trabalho e ficaria mais uma semana com minha família, antes de voltar para casa, nos EUA. Me lembro que minha mãe sugeriu que eu atrasasse minha volta uns dias: “Você vai voltar e sua sobrinha vai nascer.”  E eu, como que se soubesse, dizia: “Mãe, se tiver que ser, vai ser. E tudo bem.” É, tinha que ser. Ela nasceu tão pequena e já ocupando tanto espaço dentro da gente. Um amor que só cresce e o sentimento mais próximo do da maternidade que já senti. É o gerar com o coração. É o coração batendo fora do corpo. É a pessoinha que eu adoraria estar vendo crescer mais de perto e cujo cheirinho, voz, sorriso, piscadinha… vivem em mim todos os dias, todas as horas.

É por isso que a foto desse post revela as mais doces lembranças de infância que trago dentro de mim. Nela me reconheço criança também. Porque o tempo passa, mas os sentimentos e sensações, esses continuam aqui, guardadinhos e embalados, muitas vezes de saudade, em algum lugar dentro da gente. Pode acreditar. Pode procurar!

 

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