por Rita Durigan
Era abril e íamos comemorar o Dia do Índio (19) na escola. Em casa, meu irmãozinho ainda não tinha um mês. O dinheiro era contado. Mas nossa mãe que, de alguma forma que não sei qual, parecia incansável, sempre foi muito criativa. E, talvez usando os mesmos poderes da fada madrinha da Cinderella, transformou folhas de árvore e retalhos na lembrança da fantasia mais linda que minha memória infantil pode ter.
Ela costurou folha por folha em uma “roupa” que fez de pedaços de um pano verde estampado. Fez o enfeite da cabeça e o do pé. Botou um colarzinho de conchas no meu pescoço e uma pulseira de pedra branca no pulso. Cada detalhe foi pensado, foi cuidado, foi moldado pra mim. E ainda hoje me lembro de me sentir a índia mais linda da escola.
É engraçado que nas minhas lembranças a fantasia é ainda mais incrível do que na foto. Mais verdinha, mais original, mais perfeita. Hoje eu sei que, na verdade, enquanto costurava aquelas folhas que ela pegou na rua sei lá em que momento de seu dia corrido, ela tecia também, consciente ou não, uma colcha de valores e ensinamentos que agora fazem tanto sentido pra mim:
-Nunca desista, sempre há um jeito de fazer;
-Não importa o quanto você tem, mas o que você faz com isso, e como;
-Algumas coisas (e normalmente não são coisas, são pessoas) são mais importantes que as outras (que normalmente são coisas, não pessoas) e merecem ser prioridade em nossa vida, por mais corrida que ela esteja;
-Não se compare com ninguém, encontre seu próprio brilho e brilhe, de dentro pra fora, sempre.
-Por trás de um gesto corriqueiro, pode existir um esforço inimaginável. Agradeça. Sempre.
Obrigada, Mãe. Essa indiazinha vai ser eternamente grata à você! ❤
E a carinha de felicidade?
Por isso Valentina gosta tanto de conchinhas.Creio!
E como a gente chora com essas lembranças…
A bisa do papai Fabio , Dalila, contava das bonecas de pano q fazia…ela contava e chorava e a gente ouvia muitas vezes.
Que lindo.Qtas lembranças e parece q faço parte disso td.E faço,vitd isso só não imaginava q essas recordações se tornassem estórias tão lindas e emocionantes.Toninha qto orgulho essa Ritinha te dá, até eu me sinto orgulhosa.Bjos.