por Dede Lovitch (e todas mães obrigadas a engolir a normalidade).
Pobres desses pais que andam tão ocupados com tantas coisas que não encontram tempo para seus filhos pobres desses pais que se deparam a todo momento com eventos mais importantes que as festividades de seus filhos pobres desses pais que tem tantas pessoas para pensar antes de seus filhos pobres desses pais que precisam alimentar outras bocas antes das dos seus filhos.
Mas amigas e amigos não fiquem indignados, Todos somos esses pais, coitados.
Pobres desses pais que não enxergam alternativa alguma nessa vida tão louca para poderem visitar seus filhos pobres desses pais que não conseguem criar vínculos com seus filhos pobres desses pais que são obrigados a escolher outra vida e abandonam seus filhos pobres desses pais que não conhecem o dia a dia dos seus filhos.
Mas amigas e amigos não fiquem indignados, Todos somos esses pais, coitados.
Pobres desses pais que entregam nas mãos das mães todo o cuidado dos filhos pobres desses pais que andam de cabeça cheia de outros problemas que se quer lembram do ano escolar dos filhos pobres desses pais que vivem numa pobre sociedade pobre dessa sociedade pobres desses filhos que vivem nesses pobres pais.
Mas amigas e amigos não fiquem indignados, Todos somos esses pais, coitados.
(Narrativa poética inspirada em “Marie Farrar, a infanticida -Bertolt Brecht)