por Dede Lovitch
Sim, Hoje eu conheci o Lucas, um menino doce e alegre.
Ali na sala de espera, encostada na parede, pensando na vida e como tudo estava mudado, me abati, me senti mais sozinha que nunca, minha mãe me vem à cabeça a todo instante, como ela faz falta, tantas lembranças misturadas com a realidade do momento, me fizeram desligar daquele aqui e agora.
Mas quando o Lucas passou, algo ali me puxou pro presente, me movimentei como se alguém tivesse me empurrado, me inclinei pro lado direito e lá estava ele, bem na minha frente, olhou no fundo dos meus olhos e abriu o sorriso mais bonito e espontâneo que já vi. Sua mãe estava com as mãos no carrinho, segurando um monte de papéis, mais a carteira e uma blusa, toda atrapalhada com tudo aquilo. Voltei o olhar pro Lucas, e mais um sorriso; começo a conversar com ele, ele responde, balançando a cabeça e esticando os braços. Olho para mãe e comento como ele é uma criança alegre e ela, num entusiasmo contagiante, confirma direcionando o comentário à ele, “muito alegre né Lucas?!” O menino se vira, olha para mãe e solta uma risada gostosa.
Começamos a conversar, eu e a mãe de Lucas. Falamos sobre os outros dois filhos dela, um com 18 e outro 20, e como eles ajudam com o pequeno. Falamos sobre os meus, dissemos onde morávamos até que, em certo momento, ela revela que Lucas não é seu filho de sangue, ele é de alma e de coração (como ela mesma disse). Perguntei como foi a decisão da adoção; nesse momento, com o maior cuidado do mundo, ela distancia um pouco o carrinho de Lucas e começa a me contar num tom bem mais baixo porque disse que não quer que o menino se aborreça com a história verdadeira da mãe, acha ele muito pequeno para lhe explicar mas acredita que o menino pode escutar e saber que é sobre ela (a mãe biológica).
Tudo aconteceu quando ela foi à maternidade visitar sua vizinha que tinha dado a luz. Chegou no quarto, a vizinha estava sem o bebê e já se arrumava para ir embora. Ela pergunta à vizinha sobre o bebê e esta diz que ele estava no berçário mas que ela não o levaria embora pois não teria condições de criá-lo. Sem hesitar, deixou a vizinha lá e correu para o berçário, disse que sentiu que o bebê tinha que ser dela. Olhou pra ele e foi amor a primeira vista. Conseguiu permissão e saiu de lá com Lucas nos braços e depois de algum tempo conseguiu a guarda definitiva.
Quando avisou o marido que queria Lucas como filho, o marido não aceitou de primeira, mas ela disse que estava decidida e que ele podia ir embora se quisesse, mas o menino era dela. Com o passar dos meses Lucas conquistou o pai e ficou cada vez mais próximo dos irmãos, hoje eles vivem essa nova família criada por essa mãe que não viu preconceito e muito menos as dificuldades que Lucas trazia.
Lucas é um menino de 5 anos agora, ainda não anda e não fala e começou a se alimentar com alimentos sólidos há 1 ano. Nasceu com microcefalia e dezenas de outros problemas (como diz sua mãe), tem os dedos das mãos atrofiados, já fez duas cirurgias na cabeça, uma delas para a implantação de uma válvula, várias cirurgias no lábio superior para corrigir uma grave lesão de lábio leporino, a arcada dentária é toda irregular. Faz constantes fisioterapias e sempre está aos cuidados de sua mãe. Segundo ela, o que Lucas mais precisa para viver é amor e afeto e isso ele tem de monte, e mais uma vez dirige a palavra a ele com mais entusiasmo ainda “Não é Lucas? Amor, amor né, meu filho?”
Linda, linda mãe do Lucas, Feliz dia das mães.
Lindo texto.
Requer uma reflexão!!!!! A mãe biológica não quis o filho ; mas amor de mãe é incondicional. Ou não??????Acho q sempre tem uma exceção e sempre tem aquela q tem amor em dobro,Graças a DEUS.