por Rita Durigan
Tem presentes que são como um abraço. Daqueles que te aninham e te embalam e você não quer mais sair. Que falam de você e com você, tem poesia.
Esse móbile da sapeca Emília chegou tímido em uma caixa de papelão, pelo correio, na casa dos meus pais. Eu estava lá!
Feito criança quando acorda, a boneca em trio foi despertando, ganhando vida ao sair da caixa. A boneca gente. Era para a Valentina, menina boneca e sapeca, e trazia consigo cartõezinhos da Giulia e da Paola, feitos à mão. Por duas noites Valentina dormiu com um deles nas mãos.
Pra mim um livro e essas rosas, também com um cartão que divide comigo tantos sonhos, valores e angústias. Que me entende e me acalma e não me poupa das verdades. Que é o equilíbrio acelerado que necessito pra balancear a calmaria que muitas vezes me mobiliza. Que me lê como quem lê poesia e me abraça apesar dos meus defeitos e imperfeições.
Hoje essas Emílias do móbile habitam o quarto de Valentina, aqui nos Estados Unidos. E a gente sempre olha pra elas, as 3 Emílias, e lembra da tia Paty, da Giulia e da Paola, as 3 meninas.
As rosas, moradoras da minha cozinha, também são 3 e, mesmo passados alguns meses depois de recebê-las, ainda me encanto com suas perfeições artesanais.
Presentes assim têm alma, vínculo e personalidade.
Sempre que sinto saudade das nossas conversas, dos nossos encontros pessoais regados a vinhos, risos e choros. Regados a água nas nossas gravidezes, eu olho pra elas, as rosas. E quase sinto o toque das mãos da amiga que tantas vezes seguraram as minhas e que teceram aquelas mesmas rosas que agora estão aqui, presentes.
Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, que sabem ser generosas. Sim, elas têm cheiro e vida. E agora fazem parte do meu jardim.
Obrigada, Paty Juliani. Obrigada!
Que a vida seja cheia de presença e presentes como esses, capazes de trazer as pessoas presentes. ❤️