Sobre apoiar mais e julgar menos

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No meu colo está o Arthur, filho da Carla. Ele é das crianças pelas quais sinto amor de tia. Estamos olhando Valentina e o carrossel.

por Rita Durigan

“A Rita é mãe de uma menina maravilhosa, inteligente e carinhosa, ela é quem me ensina todo dia a palavra acolhimento. Ela nos acolheu assim que chegamos em NY, me acolhe sempre que sente que eu to precisando, me acolhe com palavras, com gestos e até quando ela está precisando ser acolhida, ela faz de uma forma acolhedora (não me peçam para explicar isso, mas é real). Dona de um jeito doce e tranquilo, ela é aquela mãe que tenta não se descontrolar quando as crianças estão surtando, ela é o ponto de equilibro quando tudo parece estar desequilibrado – o que não quer dizer que ela não surte de vez em quando. Quem não surta, aliás?” – Carla Paredes, no post “Para a minha rede de apoio” do blog F-utilidades.com.

por Rita Durigan

A Carla escreveu esse post uma semana antes do meu aniversário – dia 17/10 completei 40 anos. Não só pra mim, mas para um grupo de mães que fazem a diferença na vida de mãe dela, o que o torna ainda mais especial e significativo. Depois de chorar com um sorriso no rosto e uma alegria na alma eu respondi pra ela que foi um lindo presente pra começar uma data tão especial e representativa. E resolvi trazer aqui por alguns motivos.

Primeiro, porque me senti bem feliz lendo esse elogio sobre minha maternidade e minha amizade. Me vi nele e pensei: que mal há em reproduzir algo bom que disseram de mim? A gente normalmente se fecha e não faz essas coisas, né? Tá feito.

Segundo porque o sentimento de gratidão é algo que tento passar todos os dias para minha filha. Agradecer as coisas boas da vida, os cuidados e carinhos de pessoas que nos fazem bem, alimentam nosso corpo e/ou nossa alma. E filhos a gente ensina pelo exemplo. Então, de novo, Carla, OBRIGADA! Esse post foi um presente de alma pra fechar o ciclo dos 30 e entrar no dos 40 com ainda mais convicção de minhas verdades e valores.

E principalmente porque esse post me deu vontade de falar mais sobre como podemos e precisamos criar nossas redes de apoio. De como elas nos fazem mais fortes. E assumir/agradecer essas pessoas que nos sustentam fazem a rede ficar ainda mais resistente, porém com flexibidade para se adaptar ao dia a dia. Aliás, é importante dizer aqui como esse blog e minhas parceiras Paty e Dede são a base pra essa rede na vida e no maternar. 

Carla e eu sempre falamos sobre maternidade, sobre viver longe da família, em outro país, onde criamos nossos filhos. E por mais que tenhamos algumas diferenças, provalvemente porque temos idades e personalidades diferentes, viemos de realidades diferentes e temos buscado sermos nós mesmas sempre, sem padrões*, concordamos que dentro de nossos contextos temos uma maternidade amorosa muito parecida. E nos complementamos.

A Carla consegue ler por uma mensagem de texto ou voz, mesmo que o contexto seja algo corriqueiro, quando estou precisando de apoio. E se preocupa. Me procura. Insiste, sem invadir meu espaço. Diz sempre sim pros encontros que às vezes marco de última hora. Me espera sempre com um sorriso apesar de meus atrasos (juro que tento mudar isso, mas é aquele defeito que se arrasta comigo, infelizmente, mas ela me faz ter vontade de chegar na hora e até já consegui). Me faz voltar pra casa mais leve e feliz. Me ouve quando tenho meus conflitos pra textos e pra vida. E me inspira por dar conta de tanta coisa ao mesmo tempo. E isso não é retribuir post por post, isso é abrir o coração e está me fazendo um bem danado.

Aliás, queria convidar você, leitor(a) do blog, a fazer esse exercício. Principalmente para e com as Mães que muitas vezes se sentem sozinhas em sua maternidade. Olhe para as qualidades delas e fale sobre elas. Escreva. E deixe que falem das suas também.

No post “Para a minha rede de apoio” a Carla tocou em um ponto muito forte da minha personalidade que é a calma. Isso é meu, da Rita ser, sempre foi. Não só da Mamãe Rita. Mas que depois que me tornei mãe tornou-se ponto de crítica, na maioria das vezes. “Se você não for mais dura agora vai perder o controle no futuro”, “Você brava com ela? Nunca vi”, é o que normalmente ouço quando digo que fiquei brava ou perdi o controle. Realmente sou mais da conversa, de insistir em explicar com voz baixa, olhando nos olhos. Sempre fui assim, porque seria diferente com o serzinho mais próximo de mim, sobre o qual tenho mais responsabilidade e pelo qual tenho mais amor? Que verdade teria se eu fosse diferente com ela? Claro que às vezes perco a paciência e surto, como a Carla falou. Ou, mesmo sob controle, me mostro mais rígida com ela. É parte do processo. Mas nessas horas me perco de mim, me desligo de um fio condutor da minha personalidade, me desconecto e de novo preciso da conversa olho no olho, do processo de perdão, pra me reconectar. No livro da Shonda Rimes, “O ano em que disse sim”, ela cita o exemplo da amiga que trabalhava tanto quanto ela e mesmo assim tinha tempo para fazer roupinhas para os bonecos dos filhos, e como isso a frustrava, até o dia que se lembrou de que a amiga também fazia roupas para os personagens das séries com as quais trabalhavam antes mesmo de terem filhos. Ela só estava sendo ela mesma, agora como mãe. E esse trecho havia me feito pensar exatamente nessa minha caraterística, antes mesmo da Carla escrever sobre isso. Fez ainda mais sentido e deixou ainda mais claro que não somos todas iguais. Certo? E que bom.

Todas às vezes que julgamos – do verbo eu julgo também – estamos tentando controlar, podar ou cercear o ser único que cada mãe é como ser, antes mesmo de ser mãe. E provavelmente perdendo a chance de enxergar o valor do outro. Fica aqui então mais um convite: vamos apoiar mais e julgar menos. Vamos valorizar as qualidades e entender que o que parece defeito pra gente, pode ser só uma qualidade complementar ao que somos. E que o diferente nem sempre é ruim.

É difícil, mas vou tentar.

*A Carla Paredes, ao lado da Joana Cannabrava, comandam o blog F-utilidades.com e um movimento pela autoestima que está ganhando cada vez mais adeptas. Elas começaram falando de moda e hoje falam de aceitação pessoal e do próximo, de amor próprio e de sororidade. Além do blog comandam um grupo no Facebook e realizam encontros presenciais em diversas partes do mundo. Exemplo de que, se for pra mudar, que seja pra melhor 🙂

2 thoughts on “Sobre apoiar mais e julgar menos

  1. Gloria diz:

    Que demais e lindas mães de filhos amados voces tem, Carla e Rita.
    Que bom poder compartilhar os sentimentos, bons e nem tanto assim , com outra pessoa.
    Que bom ter vc como nora , Rita!
    Parabéns pelos “enta” outra vez.

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