Sobre ser mãe em tempo integral

por Rita Durigan

Mãe não tem férias, descanso, show ou vinho com as amigas, jantar romântico, que a tire da função de mãe. É sempre, toda hora, todo dia e noite e dia. É mãe.

Pode, precisa e deve ter tempo pra si. Um banho demorado, tempo pra se arrumar, um encontro com as amigas, cinema, vinho, um encontro com o/a parceiro/a… mas a mãe está ali. Presente. Pulsante. Mãe.

Na mesa, éramos 3 amigas com muita coisa em comum e, principalmente, a vontade de ter aquele momento só pra nós. A sensação era de “saindo sozinha assim estou até me sentindo adulta.”

Tínhamos marcado o encontro uns 2 dias antes. No Whatsapp a pergunta: “Preciso de um Mom’s Night Out. Quem pode?” Três mãos levantadas virtualmente. Correndo pra ajustar as agendas familiares, pra deixar tudo mais ou menos pronto, dissemos sim. Três mulheres precisadas de respirar, tomar vinho, encher os olhos de lágrimas e dar boas risadas. Com ombros amigos de #tamojunta.

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E lá estávamos nós com um vinho chamado Blá blá blá – juro -, tapas deliciosos na mesa e muito o que falar. Sobre tanto e tantas coisas e volta e meia lá estavam eles, no centro da mesa. Os filhos. As dúvidas. As fases. As ações e reações da maternidade. Os livros pra ler. Os podcasts pra ouvir… Muda assunto, volta assunto e a mulher-mãe sempre ali. Presente. Pulsante.

Era tanta necessidade de afagar as almas, falar da vida, compartilhar emoções, experiências, que os celulares foram praticamente esquecidos naquela noite fria de inverno novaiorquino. Quer dizer, quase.

“Preciso só mandar uma mensagem pra lembrar do remédio das crianças.”

“Deixa eu aproveitar pra ver rapidinho se está tudo bem lá em casa.”

“Check.” Celulares esquecidos again. Tudo em paz – ou supostamente – onde deixamos as crias aos cuidados dos pais. E só assim, sem deixar de ser mãe em tempo integral, conseguimos nos despir por algumas poucas e valiosas horas do papel de mães enlouquecidas que trabalham em casa, de casa e pra casa, pra dar luz à nossa alma de mulheres sem títulos, afazeres imediatos, responsabilidades, culpas, buscas e encontros… Ou quase.

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Na manhã seguinte tudo continuava igual. As mesmas funções. As mesmas dúvidas. As mesmas necessidades. As crias em volta. A mãe pulsante – e cansada da balada, mas sem direito a se encostar, curtir ressaca.  Mas estávamos mais fortes. Bem mais. Porque juntas somos mais. Somos mulheres. E mães. E ninguém sabe do que uma mãe é capaz, até se tornar uma, em tempo integral.

 

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