O príncipe encantado quase nunca chega

por Rita Durigan

Eu tive um blog antes desse. Perdi a senha, acesso, conteúdo… e um dos posts que mais gostava foi publicado em 3 de agosto de 2007. Eu só não sabia que foi impresso e guardado na “caixa de tesouro” da Pati. Dez anos depois ela encontrou e decidimos repostar aqui. Naquela época não éramos mães ainda. Dede se preparava pra ser, com o Be na barriga. E mesmo assim, relendo o texto, percebemos que nosso olhar já era voltado pro criar, pras relações e, de alguma forma, pra maternidade. Nossa essência só seguiu seu curso. Dessa história, além de nós 3, faz parte também a Carol, sobre a qual falamos no post “Somos e sempre seremos quatro”

“O príncipe encantado quase nunca chega

Foi assim que aquela mãe ensinou o que talvez a filha levasse a vida inteira para aprender. Ou nunca aprendesse… A menina, vestida de princesa, chorava copiosamente porque seu par na peça de teatro da escola não havia chegado. O tal príncipe encantado…”

Mas este foi apenas um dos assuntos em pauta naquela mesa. Éramos quatro mulheres. Quatro amigas totalmente diferentes que um dia se conheceram e reconheceram no mesmo curso de teatro. Áquela altura, eu era o “sapo de fora”… Elas se reencontravam quase sempre, eu há tempos não as via. Foi uma festa. Quatro mulheres em um bar. Quatro copos. E muita história para contar. Em poucos minutos já estávamos próximas de novo. E percebemos que ainda falávamos a mesma língua. Havia presença.

Eu queria revê-las. Mas também tinha uma proposta: elas poderiam me ajudar a resgatar um sonho adormecido. E aconteceu. Éramos quatro mulheres para três papéis. Eu era o “sapo de fora”. A última da fila… ao menos pensei que fosse. Mas uma delas disse: “no palco, não”. Foi quando eu sorri e disse “SIM”.

Foi mais que um sim à personagem, que ainda nem bem sei quem é. Foi um sim para a proposta que eu mesma faria. A de um resgate.

Filosofia, sociologia e terapia rolaram soltas na mesa. Naquela mesma mesa onde deixamos nossas frustrações e fantasmas de um curso de teatro com seus altos e baixos. Suas soluções e problemas. Onde resgatamos nossas almas intrigadas e sedentas que, neste ponto, são quase idênticas, preservando as diferenças. Ali, naquela mesa, falamos e ouvimos. Choramos e sorrimos. Havia um pacto entre nós. O de sermos livres, apesar dos compromissos.

Foi o melhor dos encontros. Até que venham os próximos.

O próximo, aliás, tem data marcada. É o chá de espera do Bernardo. Que, se for esperto, vai aproveitar a oportunidade de participar de encontro tão íntimo entre mulheres, ainda que no ventre da mãe, para especializar-se na alma feminina.

E que venham os próximos… e que nunca chegue a “saideira”… ”

 

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Dede Lovitch, Carol Schneider, Rita Durigan e Paty Juliani. Abril/2008, no casamento da Paty.

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