Outras histórias é um espaço que abrimos para outras mulheres e mães, além de nós 3, Dedé, Paty e Rita, que quiserem compartilhar suas experiências. Basta enviar para o criarcomasas@gmail.com que vamos ler antes de postar aqui. Se por algum motivo for algo contra nossos valores e crenças, vamos conversar com a autora e não publicaremos. Obviamente, sem expôr ninguém. Não é censura, mas é um jeito de manter a essência que nos guia nesse cantinho tão especial de nossas vidas. A ideia é acolher e compartilhar experiências que, obviamente, não serão as nossas. Por isso, também, não somos diretamente responsáveis pela opinião das mulheres e mães que se manifestarem aqui. Mas a gente acredita que estar aberto ao novo, ao outro, ouvir e dar voz é a melhor forma de crescermos juntos. De aprendermos juntos. De nos tornarmos melhores.
A gente estreia o espaço com a Carolina Toledo. Bem-vinda! E obrigada por partilhar com a gente um pouco de você.
Tempo Precioso
por *Carolina Toledo
Outro dia eram fraldas, mamadeiras, brinquedos fofinhos, bebês que eu carregava a tira colo. Hoje já são meninas, tão amorosas, com opiniões, vontades e também já com alguma obediência. Sabem me ouvir. Nem sempre concordando, nem sempre aceitando, mas não é disso que é feita a vida?
De um lado fico feliz, orgulhosa, em cinco anos o trabalho já começa a aparecer. As noites em claro, o esforço da rotina, as broncas, os conselhos. Já teve a sensação de estar falando para as paredes? A criança pinta o quarto todo de azul, empurra o amigo, pisa no sofá. Você agacha para uma conversa, ela te responde com aquele olhar angelical, rumo ao horizonte, e você sente que é tudo em vão. Pois ao cinco anos de idade, você começa a ter a certeza de que não foi em vão. Ficou registrado, foi incorporado, elas aprenderam!
Mas os bebês não estão mais ali… e a saudade se pronuncia nas coisas grandes mas também nas pequenas. Aquelas bem banais, como o vídeo de pijama com cabelo bagunçado abrindo o presente que ganhou da madrinha. Ai que saudade que dá!
Mas passa tudo tão rápido! E como o dia continua com 24 horas e é preciso trabalhar, malhar, cuidar da família e de si mesma, alimentar nossos interesses e afins, a gente muitas vezes filtra o que tem glamour e terceiriza o que sobra, para ficar com algum tempo de qualidade.
A questão é que quando falamos de filhos e educação são justamente os momentos sem glamour que criam o vínculo mãe e filho. Especialmente na primeira infância, são os cuidados banais como trocas de fralda e mamadeiras que estabelecem a comunicação e criam o vínculo afetivo.
E é por isso que esta expressão “qualidade de tempo” me soa incompleta. Não por achar que devemos abrir mão de sermos quem somos pelos nossos filhos. Mas porque num tempo de flashes e curtidas é preciso saber valorizar também o banal e sem graça que constrói. As longas horas de sono perdidas com o bebê no colo, os jatos de xixi, as músicas de ninar. É preciso resgatar o valor das pequenas coisas!
O grande paradoxo talvez seja esse, algo tão grandioso quanto o amor de mãe e filho não se constrói majestosamente. Ele é feito de pequenas coisas. Pequenos toques, leves sorrisos e delicados chamados.
Por isso nesta fase e dentro do possível, vale considerar além de qualidade, boas doses de quantidade. Pensando no futuro, que será construído por essas crianças. E pensando também que este presente vai passar, mais rápido do que imaginamos, e é delicioso ter guardadas essas doces lembranças.
*Carolina é mãe de 2 meninas, com a terceira à caminho. É administradora de formação e educadora por vocação. Formada pela FGV com pós- graduação em marketing na UC Berkeley, trabalhou por 10 anos em empresas multinacionais na área de marketing. Atualmente se divide entre a maternidade e a formação em pedagogia, com foco em educação infantil e desenvolvimento sócio emocional.