Por Dede Lovitch
Numa bela tarde ao chegarmos em casa depois de uma experiência não muito agradável vivida pela Constance, eu e Bernardo, sem saber bem ao certo o que a afligia, sentimos que ela queria nos contar algo mas não conseguia. Pois foi bem aí, nessa hora, no meio da escada subindo pro teatro (o nosso Teatro Real) que ele soltou:
“Con, a gente tem que se livrar das coisas que atrapalham nossa vida. Assim ó, pensa, alguém me joga uma bolinha e eu pego com uma mão, aí me jogam outra bolinha e eu pego com a outra mão. E por algum motivo eu não consigo soltar essas bolinhas, nem peço ajuda para soltar… Eu não vou conseguir pegar outras bolinhas, entende?”
Me desculpem interromper mas meu olhar naquela cena, aquela hora, era só AMOR.
Constance olha pra ele com uma grande interrogação na testa; então ele decide se aprofundar e deixar mais claro pra irmã:
“Olha Con, estamos aqui na escada né? No meio da escada né?”
Ela balança a cabeça concordando.
“Então, você quer chegar lá no teatro? Pra chegarmos em casa?”
“Sim”
“Imagina só se alguém faz uma maldade e cola seu pé aqui nesse degrau e você tenta, tenta e não consegue sair. Você vai ficar aí pra sempre, ou vai pedir ajuda?”
“Eu vou chamar a mamãe”.
Depois de uma pausa e Bernardo olhando pra ela com uma cara de “claro né”, Constance sussurra pra mim:
“Mamãe, preciso te contar uma coisa…”.