por Rita Durigan (e um pouquinho do que aprendemos umas com as outras)
Desde que criamos esse blog, somos resistência. Resistência que no dicionário é um substantivo feminino, 1. ato ou efeito de resistir; 2. propriedade de um corpo que reage contra a ação de outro corpo. Resistência a transformá-lo em algo muito comercial, que nos leve a perder as razões pelas quais ele existe. E olha, tudo o que mais queremos é sobreviver dele pra dedicarmos, se não todo, a maior parte do nosso tempo de trabalho aqui. Temos pensado formas e meios, planos e ideias. Mas engolidas por tantos afazeres e para não comprometer o tempo dedicado aos nossos filhos e à vida fora do mundo virtual – ou nada disso faria sentido – tem sido difícil colocar em prática. Por enquanto, resistimos mantendo esse nosso cantinho de fala, de conversa, de registros. Quem sabe um dia a gente também encontra a matemática certa pra fechar essa conta sem que se perca de todos os lados?! Quem sabe.
Nossa amizade, de nós três que criamos e cuidamos do blog, é resistência. Resistência ao tempo que passa; aos quilômetros e milhas que nos separam. Resistência aos pensamentos diferentes que nos colocam em discussões profundas e nos aproximam ainda mais, nos fazem crescer pelo respeito, pela diversidade, pela compreensão e também pela incompreensão, e pelo amor.
Resistimos ao novo ou ao velho, se não acreditamos nele. E nessas horas vamos a fundo buscar conhecimento fora de nós mesmas, de nosso mundinho pequeno, para nos fortalecermos e até mudarmos de ideia, porque não? Resistimos à resistência quando se faz necessário. Inclusive a gerada por nós e vigente em nós.
Resistimos a abrir mão do que somos comprometidas na vida. Resistimos também a publicar pensamentos pessoais se não estamos tão certas de que aquilo pode mais ferir do que construir. Mas também resistimos a nos calar quando o grito se prende na garganta e sentimos que há um sentido maior em não guardar essa fala para nós mesmas.
Para lutar e resistir, escolhemos as palavras. Nossa arma de Paz. As que vem e que vão e nos transformam de todas as formas, porque resistimos também a ficarmos imunes a elas. Somos seres em construção que, no papel de criadores de seres, participamos da construção de nossas crianças. Resistimos a entregar essa missão ao mundo, sem que sejamos participantes ativos nela. Por isso acreditamos no Criar com Asas.
Asas nossas, asas deles. Asas para um mundo sem fronteiras ou diferenças. Pela humanização.
Resitir é também aceitar. E num olhar mais atento, buscar compreender. Resistir é encontrar em si mesmo e no outro os motivos certos pra lutar. E comprar as lutas que acreditamos não apenas por nós, mas pelo coletivo.
Só o que queremos é Criar com Asas, nossas e deles; minha e do outro. Conscientes de que não basta ter asas, é preciso ser livre pra poder voar.