Por Dede Lovitch
A caminho de casa, parados no semáforo, reconheci uma moradora de rua que sempre pede ajuda em outro ponto da cidade e comentei com as crianças:
“Olha, porque será que ela mudou de lugar?”
Os dois ficaram olhando pra ela passar de carro em carro pedindo, pedindo e todos balançando a cabeça como num sinal de que não tinham.
Quando o farol abriu, o Bernardo continuou olhando para trás, e com o olhar longe, encostado no vidro, fala como se estivesse falando pra ninguém, mas ao mesmo tempo, pro mundo:
“Deve ser difícil de entender como essas pessoas dentro de carros de R$30.000,00 não têm uma moedinha…”
Continuou com o olhar distante e ficamos em silêncio.