por Rita Durigan
Se a gente parar pra pensar, prêmios como o Oscar tem tudo pra cometer injustiças. Depende de com quem você está concorrendo, quem está te julgando, e por ai vai. Aliás, é isso. Julgamento.
Mas como quem entra na chuva sabe que vai se molhar, e tudo tem um lado bom nessa vida – as vezes mais que um -, o Oscar também tem jogado holofotes em temas importantes sobre os quais precisamos falar. Por exemplo, a quantidade de mulheres e negro/as na premiação chamou a atenção. Melhor seria se não precisássemos mais destacar isso. Mas ainda é necessário. Muito. Então, que bom que aconteceu. E que bom que alguns nomes como Spike Lee e Alfonso Cuarón trouxeram para a mesa a política pela qual todos somos responsáveis.
Vi muito pouco do que foi indicado. Mas vou falar de 5 vencedores, sem falar de estatuetas, mas de significados.
“Roma” (clique para ver o trailler) é de arrepiar e me fez dormir com dor de cabeça de tanto chorar. É real. Tem a sutileza da realidade que acontece bem diante do nosso nariz, de forma quase discreta, como se faltasse cores. Uma realidade preta e branca. A solidão feminina, a diferença de classes, o que é silenciado e o que é dito, tudo se compõe e se afoga num mar que hora revolto, hora tranquilo, parece não ter fim. E não tem.
“Green Book” (clique para ver o trailer) transcende o baseado em uma história real. Poderia ser inspirado em fatos corriqueiros de todas as horas, aqui, ali, e lá. Você reage, você compreende. Principalmente, compreende que compreender não é suficiente. E se dá conta de que não evoluímos em muitos aspectos.
Toda a emoção de “A Star is Born” (clique e veja o clipe) saiu da tela do cinema para o palco do Oscar na performance de Lady Gaga e Bradley Cooper na noite de ontem. Foi visceral. Foi talento e sintonia. Emoção a flor da pele. Foi verdade, olho no olho. E, por incrível que pareça, estamos nos desacostumando disso. Impossível não se emocionar. E o que é essa mulher cantando. E o que foi o discurso dela. Sobre não desistir. Sobre acreditar. “Tell me something girl, are you happy on this modern world, or do you need more?” Desculpa misturar as estações. Esse trecho é da música, não do discurso. Mas também faz pensar.
Emocionante ver a diretora do documentário curta-metragem “Period. End of sentence” (clique para ver o trailler), Rayka Zehtabchi, declarar que nem ela estava acreditando que um filme sobre menstruação ganhou um Oscar. O curta retrata o tabu por trás do tema na Índia e como isso impede as mulheres de levarem vidas normais e saudáveis. E a proposta é transformar isso e empoderar essas e todas as mulheres do mundo.
E pra quem não viu Bao, o curta de animação, prepare o lenço e clique aqui. Lindo e emocionante, mostra como elos criados e fortalecidos na infância não se desfazem assim, de repente. Pode ser difícil aceitar que nossos pequenos estão crescendo, dividí-los com o mundo, mas haverá sempre um lugar especial para a relação estabelecida de fato entre mãe e filho/a(s).
E você, do que mais gostou? Divide ai com a gente, vai?! 😉
Escrevi escrevi e nada ….