por Rita Durigan
Domingo que vem é Páscoa e o chocolate está diretamente associado a essa data. Mesmo que a gente queira agradar, é preciso pensar um pouco na hora de presentear crianças.
Cada dia mais ouço pais – na grande maioria as mães – que se preocupam com a alimentação dos pequenos e evitam o doce. Pais que não dão doces pros filhos até os 2 anos – aqui adotamos essa linha quando Valentina era pequena. E isso deveria ser respeitado seriamente, mas nem sempre é.
“Você comia doce e está ai até hoje!”, é o que ouvimos dos mais velhos quando explicamos que não queremos doces para as crianças naquela fase. Mas, segundo estudos que me guiaram, muitas das doenças ou tendências que desenvolvemos ao longo da vida estão diretamente relacionadas à alimentação da mãe durante a gravidez e da criança nos primeiros anos de vida.
Se os pais pedem para não dar doce para os filhos, respeite. Não encha a criança de chocolate na Páscoa. Não abra o seu, enorme e colorido na frente dela, por exemplo. Não precisa. E ela se interessar por aquilo, não significa um “pobrezinha, tá vendo? Morre de vontade e é proibida”. Não é verdade.
Bebês, crianças, tem o instinto da descoberta muito aguçados. E se você estiver tomando um vinho na frente dela, ela provavelmente vai se interessar também. Ou cerveja… Você daria, só porque o bebê olhou e jogou as mãos na direção da taça ou copo? E qual a diferença? O doce também não faz bem.
Além do mais, se para crianças acostumadas com o açúcar ele já tem um efeito muito forte no cérebro e corpo dos pequenos, imagine se você dá para uma criança não acostumada? Ou melhor, que nunca provou aquilo antes?
Os pais não dão, mas alguém dá. “Mas ela ficou tão feliz quando comeu!” Provavelmente muito mais excitada do que antes. Porque já se comprovou que o açúcar faz algo parecido ao que a cocaína faz no cérebro das crianças. Imagina em um que nunca tinha recebido aquilo… Esse processo deve ser feito com calma. Com açúcares menos agressivos. E pelos pais ou como eles escolherem que seja. Eles são os responsáveis pela criança e devem ser respeitados.
Então, pergunte antes e respeite, se os pais disserem que não dão chocolate para as crianças, na hora de dar o presente de Páscoa.
E dá pra ser divertido. Quer ver?
Quando me mudei pra Chicago, uma querida amiga e “madrinha adotiva” queria trazer o Egg Hunt, ou Caça aos ovos, tão comum da cultura norte-americana, para a Páscoa da Valentina, que tinha menos de 2 anos e estava longe dos familiares. Mas essa pessoa especial sabia que não dávamos doce pra ela. E respeitou de um jeito que nunca vou esquecer.
Recheou os tradicionais ovinhos de plástico com lacinhos coloridos de cabelo. Escondemos pela casa e fomos com Valentina procurando. Cada descoberta era uma alegria. Um lacinho novo, uma nova cor (na foto acima, à esquerda, ela está abrindo um dos ovinhos) Foi demais.
Desde o primeiro ano dela (foto à direita) um coelhinho entra em casa e deixa marcas que vão até o ninho onde ele deixa algo. Nos primeiros anos ele deixava cenourinhas reais. Que ela comia feliz e se divertia.
Ela cresceu, porque eles crescem, e com o tempo o coelhinho passou a deixar muitos ovinhos pequenos de chocolate nos ninhos que preparámos na véspera, sempre juntas (mais aqui). Os ovinhos são guardados em um pote que comemos ao longos de muitos dias.
O fato é que, como Mãe que sofreu muito para ter essa decisão respeitada, mas também conviveu com pessoas que a fizeram sentir respeitada, venho pedir que todos nós respeitemos as escolhas das mães e pais que preferem não dar doce para as crianças. O/a filho/a é deles, a responsabilidade também. E é possível ser divertido e gostoso sem chocolate. Inclusive na Páscoa.