por Rita Durigan
Costumo ser calma, principalmente com minha filha. Isso é da minha natureza, minha personalidade. E há quem me critique por isso, por eu ser eu. Paciência.
Mas também saio do sério algumas vezes, como ser humano que sou.
Em um raro momento de fúria, ao ver o quarto da minha filha muito bagunçado quando estamos de saída, em cima da hora pra uma atividade na piscina para a qual nos preparamos há alguns dias, eu esbravejo com o tom de voz acima do usual.
Ela, silenciosamente, vai guardar as coisas. O que já me chama pra realidade de ter exagerado nas palavras. Vou ajudá-la.
Quando ela percebe que já retomei a calma, olha nos meus olhos e diz:
-“Mamãe, você sabe que não precisa gritar comigo. É só falar normal”.
Peço desculpas, digo que errei por gritar, que ela tem razão. E conversamos sobre a importância do diálogo, de respeitar o outro, e de guardar as coisas depois de usar pra não chegar naquela situação. Sobre as responsabilidades dela e de todos na casa.
Ela então pergunta: “O que você quis dizer quando falou que nem ia ligar se eu perdesse a brincadeira na piscina?”
-“Filha, lembra que a Mamãe sempre fala que quando a gente está nervosa a gente fala coisas que não quer, e que podem magoar o outro? Desculpa por isso também. Só fiquei nervosa porque sei que essa atividade é importante pra você. Claro que eu ia ficar triste se você perdesse.”
-“Eu sabia. Tudo bem, Mamãe. Eu sempre vou desculpar você.”