Férias pra que te quero

por Rita Durigan

Aqui nos Estados Unidos as férias escolares começaram faz umas 2 semanas – varia de estado pra estado. São as longas, que vão até Setembro, quando começa o novo ano letivo daqui, diferentemente do Brasil. Troca de série, lista de materiais, o que costumamos chamar de final de ano no Brasil, aqui vivemos no meio.

Vejo que no Brasil começaram as férias de Julho também. A curta. E resolvi trazer uma persepctiva positiva pras férias das crianças, que costumam ser tão mal quistas, em geral.

Se a gente pensar que, caso nossos desejos se realizem e nossos filhos vivam plenos e saudáveis por muitas e muitas décadas, a INFÂNCIA será a parte infinitamente menor de suas vidas. Um piscar de olhos e, pluft, passou.

Porque será que o pouco desse tempo que temos pra viver intensamente com eles se transformam em pesadelo? Ok. Vamos falar de privilégios e de ter a opção de poder estar mais tempo com eles nas férias, por exemplo. Porque precisa ser todo dia.

E estar presente, de fato. Fazer planos, programas infantis. Passar mais tempo na rua, no parque, com os amigos. Brincar mais do que não dá tempo nos tempos escolares. Comer junto à mesa, sem a pressa do relógio que nos obriga a correr nas outras fases do ano. Conversar. Ouvir. Falar.

A gente se programa pra entregar um projeto grande e urgente no trabalho; a gente se programa pra fazer uma viagem dos sonhos ou pra um barzinho com os amigos, afinal, merecemos, certo? A gente programa tanta coisa por prazer, mas as férias dos filhos, via de regra, se tornam sempre um peso, uma carga a ser suportada, um desejo de que termine já.

Faz sentido isso? Ou é o resultado de vivermos numa sociedade onde terceirizamos cada vez mais nossas próprias crias e, por isso, não nos acostumamos mais tê-las em nossos colos, sob nossas asas?

Eles vão crescer. Vão querer se desaninhar de nós naturalmente. Muito em breve. Mas crianças ainda precisam e demandam de nossa presença e cuidado. De férias curtidas e cheias de lembranças que não se resumem ao que postamos nas redes sociais. Aliás, cá entre nós, com raríssimas exceções as fotos de redes sociais são aquelas que interrompem o viver feliz pra que, contra a vontade das crianças, elas sorriam pro click perfeito. Ou é só comigo que acontece isso?!

Enfim, menos como crítica e mais como reflexão, nossas crianças precisam entrar na nossa lista de prioridades com urgência. Mas não na lista de nossos smartphones cheios de alarmes e limites. Na lista de prioridades da nossa vida orgânica, que fica agendada em nosso coração.

Bom final de semana pra todos e todas nós.

E boas férias também.

(a foto foi tirada na reserva pública Watchung Reservation, em New Jersey, EUA)

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