por Dede Lovitch
Sábado à noite recebemos alguns amigos com as crias aqui em casa. As três meninas começaram a brincadeira; conversas, muitas conversas ao mesmo tempo que se movimentavam pra lá e pra cá. O que me chamou mais atenção foi perceber quão habilidosas e generosas eram para formularem sua estória.
Curiosa, perguntei no dia seguinte do que estavam brincando e Constance me explicou:
“A gente estava num parque, uma baladinha, éramos adolescentes e aí a gente viu um carrinho e dentro dele um brinquedo que não parava de piscar. A gente foi até lá e eu peguei na mão e parou de piscar, mas quando nossa outra amiga pegou começou a piscar, sem parar. De repente roupas estranhas apareceram na gente. Eu era da natureza, a Cecília da magia e a Laura do mar. Daí, era tipo Jumanji porque a gente caia do céu e tinha vida, muitas vidas, aí a gente apertou no peito…. aí…….aí….”
E vieram muitos “aís” e a imaginação foi longe…
Quando observamos as crianças brincando, interagindo e criando, desenvolvemos em nós a capacidade de ficarmos distantes, mas presentes, aprendemos a respeitar a dinâmica criada pelo grupo e assim eles criam mais autonomia para a resolução de problemas, se sentem seguros porque sabem que estamos ali, para interferir quando formos requisitados, a sensação de liberdade vem acompanhada de responsabilidade, visto que elas percebem que a decisão tomada foi acordada entre elas e se, por ventura não dá certo, elas terão que tramar novas estratégias.
Quando pedimos para elas nos contar a brincadeira, temos a oportunidade da escuta e as crianças desenvolvem a oratória e a organização do pensamento.
Todo mundo ganha; menos intervenção, mais observação e escuta.