por Rita Durigan
Férias. Tempo de ser livre, viver
sem hora
sem paredes, só na hora de dormir pra viver depois,
de novo,
lá fora.
Férias é ir. Vir e ir quantas vezes for possível.
Pra onde for possível. Preciso.
Férias é correr no quintal, juntar amigos, fazer amigos.
Férias é liberdade, alegria. Fantasia real.
Férias é viver descalço por escolha,
pentear cabelo se quiser.
Vestir-se de festa quando é hora, perder a hora e ser feliz.
Férias é sorriso intenso que não cabe na foto.
É abraçar lugares e o tempo e permitir que ele passe beeeem devagar.
Férias é abraçar quem amamos, sem pressa, porque o relógio pode esperar.
Férias tem vida. Pode ter praia ou campo.
Areia ou grama.
Mar, piscina, ou riacho.
E quando isso tudo acabar, mais que nunca na pequena história de nossas crias, elas precisarão de férias.
Fora das paredes.
Fora da angústia dos adultos que as cercam e as cuidam nesse momento estranho.
Fora da sua agenda sempre atribulada e enlouquecida nesse momento em que nada parece caber nos planos, apesar de querermos que tudo caiba lá.
Que a gente garanta esse direito aos nossos pequenos.
Não peça que tirem as férias escolares de seus filhos lá na frente para aliviar nosso cansaço agora. Vamos juntos nessa estrada cheia de pedras. Juntos. De mãos dadas. Não estamos de férias, estamos seguindo em uma estrada tortuosa pra todos, adultos e principalmente crianças. Temos a missão de aliviar para elas, que terão essa loucura como parte de suas infâncias. E garantir que, lá na frente, o futuro que a gente nem sabe quão próximo ou distante está, as reserve férias, de verdade.
Mesmo que seja no quintal cheio de vizinhos,
brincando na terra,
pisando na grama, na areia da praia.
Sem paredes.
Sem amarras.
Com calma.
Férias com alma.
*Uma reflexão para todas as vezes que passar pela nossa cabeça que poderiam dar férias para nossas crianças curtirem trancadas em nossas paredes, diante de nossas mentes amedrontadas, e perderem o direito de viver livres as férias que nunca lhe foram tão merecidas.