por Rita Durigan (para Dede Lovitch)
Ela transpira teatro, dança, movimento, verdade. Seus filhos nasceram do e no teatro. É nele que eles vivem, no Teatro Real. Porque Dede é verdade, nua, crua, pulsante.
Poucas vezes a vi com medo nessa trajetória de anos e anos. Pouquíssimas. Mas já vi.
Já choramos e sorrimos juntas. Já me espantei com a clareza de suas “rebeldias” para esse sistema tão sistemático e cerceador. Mas, por tantas vezes, somente lá na frente, como a criança que cresce e olha pra trás e compreende o que dantes lhe parecia tão nonsense, eu digo: “amiga, você tinha razão. Sua loucura era tão lúcida, eu que não tinha maturidade suficiente para compreender.”
“Dance na quarentena” é um convite para a sanidade em tempos de cólera, em tempos de vírus visíveis e invisíveis que nos afetam de todas as formas, se permitirmos ou bobearmos.
Há tantas sutilezas nessa dança ritmada pelo improviso. Há tantas entrelinhas que me fazem ver e rever pra tentar absorver o máximo que eu puder. Lá na frente, talvez, eu compreenda alguns dos movimentos que agora me escapam, amiga. Mas eu fico em paz, pois já aprendi que você estará lá para, com seu sorriso pacífico, para me acolher de novo.
Dede, na verdade seu título bem poderia ser: “Dance na vida!”, como você tem feito todos os dias.