Por Paty Juliani
Alguns tesouros nos chegam assim: por curiosidade.
Eu estava na feira da USP on-line, dentro da livraria ÔZé e Sagatrissuinorana, de João Luiz Guimarães me chamou atenção. Decidi que o queria, sem nem ler a sinopse. Um reconto à moda Roseana, com esse título e esse verde, com certeza, era uma jóia.
Ele chegou e, na noite da leitura, iniciei pela contracapa com as meninas (como sempre faço), mas deixei o autor e ilustrador para o final.
Na primeira imagem, falei:
– Acho que é uma barragem.
– Talvez, disse minha filha mais velha. Mas parece também um trilho ou uma estrada.
– Não sei o que é, disse minha pequena, mas a gente descobre.
Ela estava ansiosa para nossa leitura, pois viu um porquinho na capa e, um de seus livros preferidos tem um porquinho na história (Adélia, de JEAN-CLAUDE ALPHEN, Editora: Pulo do Gato).
No meio do livro, minha filha mais velha fala:
– Você tinha razão, mamãe. E acho que sabemos de onde são essas barragens.
O livro de temática forte e abordagem sutil é lindo. Tem ilustrações que narram o que, a princípio achamos conhecer, mas que nos conduzem para outro universo. A escrita à moda Roseana, é o reconto de uma criação linguística singular.
Depois da leitura, compreendi o nome do livro, o reconto e me apaixonei. Elas acharam a escrita diferente e tivemos a oportunidade de falar sobre João Guimarães Rosa.
Esse é um livro que nós gostamos, recomendamos e que traz, através do ilustrador Nelson Cruz, uma pergunta importante e necessária:
“A história dos três porcos que moram separados mas, quando se unem, derrotam seu opressor é mais que conhecida. Mas, como escapar do lobo-ambição, do lobo-usura, do lobo-riqueza, ou seja, como escapar da ganância do lobo-homem?”
Como?
