por Rita Durigan
Sabe quando falta o ar?
Não, nós não sabemos.
Se soubéssemos estaríamos nos debatendo
em desespero
e buscando o ar que falta,
como quem luta pela última esperança.
Na mesa do almoço, as descobertas de que tudo, todos os nossos privilégios, são pagos.
Netflix,
a casa,
a luz,
a água,
a internet,
o joguinho…
“Eu sei de uma coisa que não é paga!”, diz ela,
com seu olhar sorridente de criança.
“E o que é?”
“O ar.”
Sabe quando falta o ar?
Não, nós não sabemos.
Se soubéssemos
estaríamos respirando agora.
Todos,
humanidade.
“Vi na internet agora. Coitados, gente…
Gente, que lindo isso! Nossa, cada lugar… Nunca tinha me atentado.”
Atentado.
“Decidido. Vi aqui que a pssagem tá baratinha. Arrumem as malas que esse final de semana vamos pra Manaus. Vamos, tá me olhando o que? Eu hein! Quem aguenta essa pandemia? Preciso respirar um pouco.”
Até quanto?
Até onde?
Até quantos?
Falta ar, falta humanidade
Como falta, Lúcio. Como falta.
Você me inspirou, estou publicando um texto falando disso