por Rita Durigan
A felicidade é abstrata. Apesar de sentida, quase tocada, quando ela é.
De repente, no caminho tem uma árvore. Linda, onipotente, cheia de galhos, seca. Não por dentro, pois espera o momento de florescer novamente.
Ciclos. Mas há também solidão.
-“Posso te oferecer uma rosa linda e viçosa, senhora árvore seca?”
-“Para que colher a rosa, menina dos olhos que brilham?”
-“Pra que se lembre dos tempos de flores e cores, senhora árvore que há de reflorescer!”
-“Quem disse que um dia esqueci, menina de olhos no futuro? Não vê as ranhuras, as cicatrizes?”
-“Você é linda, eu sei, senhora árvore. Por isso parei aqui.”
-“Seu olhar agora voltou. É presente, menina.”
-“Posso até fechá-los, olhe! Consigo sentir o aterrar… nossas raízes se tocam.”
-“Bem-vinda, menina vida.”
-“Mas o que faço com a rosa que foi colhida?”
-“Viva e deixe-a que viva também. Olhem-se, observem. Protejam-se. Permitam os ciclos. Permita. Ela saberá… sentirá, seguirá.”
-“Sozinha?”
-“Vezes sim, vezes não.”
-“Como saberá? Como saberei? Saberemos?”
-“Escute, menina das muitas perguntas.”
-“Morrerá?”
-“Já começou ao nascer.”
-“E nós duas, senhora árvore da imensidão?”
-“Raízes. Mas vai doer, tem doído mais que sempre… É inverno na humanidade, menina dos sonhos primaveris.”
-“Não sei se suporto. Há tanto sofrimento lá fora e eu vejo, às vezes sinto.”
-“É o que ocorre quando a humanidade não sabe acolher o inverno. São ciclos, menina flor. Lembra? Pensa que não pesam meus braços-galhos pra que te chamem o olhar? Pena que sintam mais pena que alegria ao me notar.”
-“Entendo, senhora árvore. Mas agora preciso ir. Tem como manter nossas raízes assim?”
-“Entrelaçadas?”
-“Sim. Me sinto linda, onipotente, cheia de galhos, seca. Não por dentro, pois sinto que começo a florescer novamente.”
-“Então pode ir.”
-“Mas a raiz…”
-“Lembra da rosa?”
-“Colhida.”
-“Fomos todas e continuamos sendo, todos os dias, brutalmente. Somos mulheres, Marielles, Mirtes, Marias, Dedes, Constances, Neusas, Patricias, Giulias, Paolas, Antonias, Ritas, Valentinas… É preciso replantar a vida. Estamos em guerra por precisarmos de Paz. Nosso caminho é o vínculo, nossa potência, o amor.”
-“Tenha um bom dia, senhora árvore-luz.”
-Tenha um bom dia, menina do brilho no olhar.”
A dor, o descaso, o abandono são abstratos. Sentidos todos os dias em corpos femininos. De tantas formas. Pandemia silenciosa. Hoje, ontem, antes de ontem… Até quando?
8 de Março. Dia Internacional da Mulher.
😪Mesmo depois de Seca…a Árvore floresce desde palitos móveis papel.. e até o caixão que um dia levará a Mulher… que mesmo sem vida…florescerá em outras vidas seus exemplos sabedoria…as sementes que plantou florescerá nos Corações de outras mulheres e assim segue o ciclo das Mulheres de Fé as Guerreiras misericordiosas…que irá se perpetuando eternamente…mesmo em tempos difíceis de PANDEMIA.
Ergue as Mãos cansadas cruzadas com o Terço alcançando a Vitória que Transcede Milênios…Assim segue a Batalha Feminina.. Como era no princípio e por todos os séculos sem fim🙏🏻🙏🏻❤🙌