Por Paty Juliani
Há uns anos, duas amigas muito queridas, que estiveram muito presentes em diferentes momentos da minha vida me disseram: – você precisa assistir Anne.
Eu já tinha lido algo sobre a série e visto outras recomendações, mas não parei para assistir. No entanto, como sempre guardo tudo que me indicam para o momento oportuno (que algumas vezes demora para chegar, outras nem vem), a série ficou me aguardando.
No ano passado (2020), uma outra amiga muito querida, que estava desenvolvendo um trabalho com a sala da minha filha me perguntou se ela poderia sugerir que as crianças assistissem um episódio de Anne. Eu disse que não haveria problema algum e que eu tinha, inclusive, encomendado o primeiro livro para a minha Giulia ler.
Assim como em Harry Potter e Desventuras em Série, eu gostaria que ela entrasse nesse universo pela leitura, com todas as nuances e detalhes que só os livros nos trazem, além das imagens internas que criamos antes de visualizar as outras possibilidades visuais e escolhas feitas por aqueles que decidiram contar aquela história.
E assim, após a leitura feita por ela do primeiro livro, paramos para ver Anne. E que acerto! No momento de tantas mudanças físicas e emocionais para minha menina, da descoberta de um novo mundo, de uma nova escola, de novos amigos e atividades, juntas, assistimos uma garota amadurecer enfrentando desafios para encontrar o seu lugar no mundo e ser aceita.
A história se passa no final do século XIX, mas aborda temas atemporais e absolutamente relevantes: preconceito racial, social, bullying, homofobia, antissemitismo, machismo…além de trazer, com muita propriedade, a dualidade (bem e mal) presente em todas as pessoas e os inúmeros conflitos pessoais pelo qual todos nós passamos.
Anne é corajosa, faz o que deve ser feito e enfrenta muitos desafios por isso, mas transforma vidas e sua comunidade com afeto, inteligência, verdade, entusiasmo e amor. Uma menina que não se submete a regras e imposições de uma sociedade hipócrita e resistente, que sabe e quer ser mais do que esperam dela – e de todas as mulheres.
A série tem 3 temporadas que traz, praticamente, o que está no livro número um (Anne até os seus 16 anos). Não sabemos se a série irá continuar, mas temos os livros para seguir nesse universo maravilhoso de Anne.
Minha Giulia (11 anos) está lendo agora o livro 2, que retrata a vida de Anne dos 16 aos 18 anos. Os livros tem várias edições, capas e traduções, mas a sequência é a seguinte:
Anne de Green Gables (11 aos 16)
Anne de Avonlea (16 aos 18)
Anne da Ilha (18 aos 22)
Anne De Windy poplars (22 aos 25)
Anne e a Casa dos Sonhos (25 aos 27)
Anne de Ingleside (34 aos 40)
Cada vez mais acredito no tempo certo das coisas e na força de nossa própria intuição para entender e compreender quando e como devemos fazer. Mas, como nada é tão exato (e perfeito – se é que isso existe), nesse processo todo, minha outra filha de 9 anos acaba vindo junto, assistindo sem querer muito assistir, desenhando, pintando e brincando enquanto Anne aparece na tela, reclamando que queria mesmo era estar assistindo os episódios do desenho Big Hero e querendo ler O diário de um banana que trouxe da biblioteca da escola. Para essa, insisto nos livros da Pipi, nas Aventuras de Pilar e assistimos juntas musicais (que nós duas adoramos), mas essa já é uma outra história…
Pois bem, a vida como ela é.…com alguns deslizes, mas também com muitos acertos. Sem imposição, mas com condução e prontidão, fazendo o possível, dentro de nossas possibilidades.
