Por Paty Juliani
A música sempre fez parte da minha vida. Não me vejo sem ela, nunca me vi. As melhores recordações e memórias que tenho são guiadas por ela. É um elo forte que tenho com meu pai e com muitas pessoas que passaram, estão e passarão por minha vida (tenho certeza disso).
Tenho duas meninas, com idades próximas (9 anos e 12 anos), mas vivendo suas singularidades e diferenças. No entanto, na música, elas sempre se encontram. Nós também nos encontramos.
Trocamos novas descobertas e conversamos sobre artistas e ritmos preferidos.
A mais velha toca bateria, está na pré-adolescência e o rock passeia por sua playlist. A mais nova, que fez teclado e está no teatro, ama um musical, com narrativas de histórias se intercalando e compondo com as músicas. E eu, percorro esses e outros caminhos entre elas – apresentando músicas que sempre fizeram parte do meu repertório afetivo, artistas que admiro e outras linguagem artísticas que trazem a música em sua composição.
Na pandemia, em 2020, eu e minha pequena adorávamos cozinhar ouvindo o programa “Minha canção” de Sarah Oliveira. Desde lá, em alguns momentos, no trajeto da ida ou volta da escola, colocamos um desses episódios para ouvir.
O “Minha Canção” é um programa apresentado pela ex-VJ da MTV e comunicadora Sarah Oliveira, para a rádio Eldorado. Como moramos no interior de SP e não conseguimos ouvir a Eldorado, acabamos ouvindo os episódios no Spotify (tem também no Youtube e em outras plataformas). Tenho a sensação que cresci com Sarah, uma vez que sou da geração que viveu a MTV Brasil e que, desde então, segue acompanhando seu percurso.
Sarah é sensível, generosa e tem propriedade no que faz. É cercada por produtores que conhecem demais as músicas e suas histórias. E a proposta do programa é trazer algum outro artista para contar e escolher uma música de sua memória afetiva sobre quem está sendo homenageado naquele programa.
Através desses episódios, ouvimos Gonzaguinha, Cartola, James Brown, Prince e tantos outros artistas tão necessários para todos nós. E o elo que vincula essa nova geração com esses artistas vem dos convidados trazidos para escolher alguma dessas canções.
Mallu Magalhães falando sobre Gal; Pitty sobre Patti Smith, Chico Chico sobre Itamar Assumpção e tantos outros fazem com que elas (e essa nova geração) se encantem pelos ídolos de seus ídolos.
É através de nós, que nossos filhos conhecerão artistas que seguem atemporais e necessários para a construção de nossa estética e ética.
Como nos diz Sarah, sobre o programa em homenagem à Caetano Veloso: “Precisamos ouvir Caetano para não perder essa centelha, essa vontade de viver. O alcance de sua obra não se limita a uma geração ou outra. Segue criando pontes entre estilos, gerações, provocando sentimentos e fomentando ideias”.
“Minha Canção” está na décima primeira temporada e, se depender da gente, não acabará tão cedo.
Nós gostamos. Quem sabe vocês gostem também?
