#respiros – Brotos de orquídea

por Rita Durigan

Todo recomeço é um em si um começo. Novo, único.

Resgatar a escrita constante, como prática e exercício, sempre me leva a outras práticas e exercícios como a escuta, o olhar atento, a percepção de como as palavras me chegam e de como as transformo para que saiam.

É uma jornada cujo tempo de duração é imprevisível.

Hoje iniciamos a sessão #respiros, que pretende passar por canais da plataforma Criar com Asas aos sábados. Escreveremos com a liberdade de sentir o ar que entra e o ar que sai, em todas as suas formas, em meio aos afazeres da vida e, principalmente, impulsionando nossa maternidade.

É o autocuidado que acreditamos, de dentro para fora.

Para este primeiro #respiros trouxe brotos de uma de minhas orquídeas. Um encantamento que me vem da beleza de que eles simplesmente aparecem, fluem, como se nada fosse preciso.

Mas também da consciência de que há água de tempos em tempos. Há sol, na medida certa.

Plantas escolhem seu lugar de estar. E dependem da gente para que as escutemos, olhando com calma e delicadeza, pacientes até que nos deem outro sinal, seja de morte ou de vida.

Digo isso como quem tem muita dificuldade com as plantas e flores, mas não desiste delas. Amo tê-las em volta, observá-las. E me emociono quando percebo a resistência do broto de uma orquídea que mesmo depois de passar meses apenas folha e um galho seco, renasce.

O broto também me lembra o florescer da pré-adolescência. Um momento lindo, profundo, completo e complexo que temos vivenciado com atenção e cuidado e todas as profundidades e dificuldades que este momento pode trazer.

E que é quase nada compreendido pela sociedade.

Socialmente queremos que passe, como se fosse só uma preparação para o que será, sem olhar para o que é. Apelidamos, afastamos. Que pena.

Este respiro também é um pedido por um olhar generoso de todos que estejam ao redor de uma criança que inicia esse processo de transição. É broto, que vai se despedindo aos poucos da flor da infância e reinicia a transição. Novo começo, sem nunca deixar de ser.

Que a beleza desse florescer nos encante e nos convide ao olhar atento, ao acolhimento e à compreensão de que a flor precisa de seu tempo de maturação, de seu desabrochar, mas que já é.

Respiremos, sempre juntos e em compasso com nossos filhos. Nossas orquídeas. Com o pulso da vida.

Brotos de orquídea em um dia quentinho do inverno estadunidense.

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