O que gostamos – ocupação das ruas

Por Paty Juliani

“Ir para a rua, ocupar as ruas, o imperativo ético deste momento, só é possível com o encontro. A rua pressupõe encontro real. Pressupõe se arriscar ao outro. Pressupõe conviver de corpo encarnado. Pressupõe negociação de conflitos para dividir o espaço público. A rua é onde estamos com nossos fluídos, enfiados na nossa própria pele, carregando nossas fragilidades diante do outro sem nenhum botão de curtir ou de raiva para acionar” Eliane Brum.

Foi com esse texto, da jornalista Eliane Brum, que iniciei o post “O que gostamos – Rua para Todos”, em 20 de maio de 2019 (pág. 223 do livro “Criar com Asas: 3 mulheres, 5 filhos e 7 anos de histórias”). Neste post, eu descrevia a experiência incrível que foi estar com minhas filhas, na Virada Cultural de São Paulo, em 2019.

Hoje, trago as ruas novamente, depois do hiato involuntário e desafiador que foi a pandemia.

Esse período do isolamento nos afastou do contato do outro, de estarmos juntos e misturados. A covid ainda segue nos rondando, mas agora temos vacina e ela, aparentemente, está sob controle. Teremos que viver e conviver com vírus, doenças e com os desafios trazidos por esse novo mundo pós pandêmico e esses desafios incluem o convívio social que foi tão prejudicado nesses dois anos.

O carnaval é uma festa cultural, cheia de simbolismos e a rua, democrática por natureza, tem sido o lugar de maior aprendizado para nós e nossas crianças. Ela permite, possibilita e integra diversidades, contatos e rompe a bolha que insistimos em estar com nossas crias.

Por aqui, a rua tem nos recebido com alegria, afeto e multiplicidade. Num carnaval denominado de redenção.

No podcast dessa semana, trago um trecho do livro “O corpo encantado das ruas”, de Luiz Antonio Simas. A leitura desse texto teve o áudio falhado em razão das chuvas que estão intensas (e causando tragédias inestimadas à nossa população). Infelizmente a alegria não tem sido total por conta dessas notícias. De qualquer maneira, quando quiser, puder e, da maneira que puder, ocupe as ruas. Mostre para as crianças as ruas sendo ocupadas por todos. Com certeza, essa é a escola mais efetiva que podemos oferecer para elas.

“Gosto do carnaval de rua e das libações comandadas por Exu. Sou adepto da subversão pela festa. Carnaval de rua é possibilidade: pode ser festa de inversão, confronto, lembrança e esquecimento. É período de diluição da identidade civil, remanso da pequena morte, reino da máscara, fuzuê do velamento necessário.” Luiz Antonio Simas.

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