por Rita Durigan, sobre a Rita Lee
“Meu bem você me dá água na boca“.
Me lembro de uma voz infantil cantando esse trecho da música de Rita Lee, que os pais ouviam e que a criança cresceu ouvindo e amando também, que se encantou num show diante dela, a irreverente e doce Lee.
A criança da voz era outra Rita, eu, aos 3 anos, imitando a Lee.
Essa voz esteve gravada em uma fita cassete por uns 20 e poucos anos. Guardada com minha mãe. E eu perdi. Desculpe, mãe. Desculpe, Rita, eu mesma. Como eu queria ter dado mais valor e cuidado mais para guardar para sempre esse tesouro. Mas ele se foi.
E neste 8 de maio de 2023, Rita Lee também se foi.
Talvez tenha fugido pra Shangrilá, mas esqueceu de levar seu Roberto.
Talvez num disco voador.
“Da minha janela vejo uma luz
brilhando no céu da terra
é azul, é azul
não é avião, não é estrela
aquela é a luz de um disco voador.“
Voe, Rita. Sem luxo, nem lixo, você se tornou imortal com sua arte e sua história.
Aliás, Paty Juliani escreveu um O que gostamos sobre “Rita Lee uma autobiografia” (leia aqui). Também li e me emocionei com a capacidade de simplesmente ser de Rita, a Lee.
De todas as loucuras, o que parece sempre ter ficado é o amor. Como quando o filho vai morar com ela em uma fase difícil de recuperação, para cuidá-la. Foram muitos vínculos e só assim, numa rede firme apesar de todos os pesares, ela conseguiu seguir. Rita nunca foi só, sempre havia alguém por perto. Ela foi livre para ser.
Rita, você não conseguiu esperar o dia 22 de maio para lançar sua segunda autobiografia, sobre seu tratamento. 22 de maio, Dia de nossa Santa protetora, xará Rita.
Mas seguimos aqui ansiosas por ela. E faremos AUÊ, sem pedir desculpas.
